Campanha política é na telinha

Por Redação
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Crédito: PC Online
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No momento não há outro assunto a ocupar espaço nos meios de comunicação que não seja a Copa do Mundo no Brasil. Não apenas os olhos do país estarão voltados para o acontecimento, mas as corporações que detém o acesso à informação nos quatro cantos do mundo. Por hora não é possível pensar em outra coisa pelo fato do envolvimento dos veículos de comunicação, nacionais e internacionais, com a cobertura do Mundial de Futebol. No entanto, analisando a incontestável inércia dos candidatos à presidência da república neste período, é possível conjecturar que em suas bases, os políticos estejam preparando um arsenal de provas e contraprovas; questões, réplicas e tréplicas para enfrentar seus adversários e adquirir votos entre o maciço bolo dos eleitores indecisos. A corrida começa nas mídias sociais, torna-se intensa e atinge o ápice na televisão, a velha TV, reduto inquestionável da boa e velha campanha política.

No momento os candidatos e as legendas se digladiam por apoio partidário, por alianças e somas que não passam de míseros segundos, talvez minutos, mas que representam a possibilidade de alcançar um número maior eleitores. A televisão, nesta circunstância, adquire um papel fundamental; transforma-se na possibilidade real de falar às pessoas dos mais recônditos cantos do país, a possibilidade de atingir os indecisos, colocar em dúvida os que votam contra e reforçar os laços com quem decidiu votar a favor. Por isso a supervalorização do meio de comunicação que é a TV nesta condição. A política passa a depender dos grandes veículos do segmento no país. Isto gera dependências indiretas e influências reforçadas no contato de grandes caciques políticos com os proprietários das redes de televisão. É possível afirmar que sem a amplitude e a presença da televisão nos mais longínquos pontos do Brasil não seria possível fazer da campanha política uma disputa acirrada como é.

A televisão é responsável por gerar o maior dos atritos, é a alavanca para impulsionar o desgaste entre candidatos, é o espelho por onde se podem julgar as propostas considerando sempre a imagem e a capacidade de comunicação dos pleiteadores de cargos públicos; em outro aspecto, a TV representa o espaço concreto de aplicação das grandes jogadas publicitárias, da aliança com a propaganda e o marketing feroz. Os debates nas emissoras tornam-se o prato principal das candidaturas, o espaço cotado não por alianças de legendas, mas pela simples consideração de que se está na disputa para questionar e ser questionado, apresentar propostas e ouvi-las dos adversários. Logicamente a TV busca ser o espaço mais produtivo para os candidatos nas eleições através de entrevistas nos telejornais, nas inserções comerciais, no ritmo cadenciado e ordinário da propaganda ao menos duas vezes por dia. A televisão é o objeto midiático mais valorizado pelos políticos. Não é uma simples ferramenta; é, sobretudo o mais importante mecanismo de produção de sentido no país.

 Os candidatos não devem dispensar a oportunidade de exibir suas propostas e atrair novos eleitores também no espaço das mídias sociais. Aliás, nesta eleição haverá oportunidade para observar como os eleitores convergem em direção aos candidatos a partir das mídias sociais e pelo contato estabelecido no ciberespaço. E o que a televisão tem feito para garantir a interatividade nos debates e nas entrevistas? De candidatos desajeitados no início da propaganda eleitoral da década de 90 ao ecletismo das formas estéticas e retóricas, a propaganda política na TV atingiu seu ápice na discussão sobre comunicação e política. É preciso lembrar que intervenções nada imparciais de emissoras no processo eleitoral culminaram numa influência injusta e que privilegiou um ou parte dos candidatos. Exemplos como este podem ser recordados por quem acompanha os acontecimentos da política nacional.

 Naturalmente reclusos em suas estratégias os candidatos também observarão a Copa do Mundo; planejam seus programas no rádio, suas intervenções nas mídias sociais, as entrevistas em universidades, jornais e federações industriais; quando chegar o momento apresentarão sua mais potente arma, mesmo que ela seja resumida em míseros minutos. Será a oportunidade de falar, de falar na telinha, lugar onde a campanha política adquire a grandeza e magnitude de um país. Buscarão uma integração de ideias e o estreitamento das relações com o eleitor através de um televisor. Justo é pensar que o acirramento das forças acontecerá quando a atenção do público estiver voltada para sua majestade a televisão.

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