BR-324 tem três trechos entre os mais perigosos de todo o país

Por Redação
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Se você está planejando sair de Salvador para as festas de fim de ano pela BR-324, é bom redobrar o cuidado. A rodovia, uma das principais do estado, tem três trechos entre os 100 mais perigosos do país – dois deles logo na saída da capital (km 610-620 e 620-630) e outro na chegada em Feira de Santana (km 510 ao 520).

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os três trechos somaram, entre janeiro e setembro deste ano, 812 acidentes com 36 mortes e 377 feridos. O pior deles, que vai do km 610 ao 620, entre a Brasilgás e a Palestina, ficou na 41ª posição entre os mais perigosos do país (375 acidentes, 149 feridos e 10 mortes). O trecho anterior (sentido Salvador-Feira), do km 620 ao 630, foi o 72º colocado. Entre os dois, na 64ª colocação, ficou o trecho entre os km 510 e 520, já em Feira de Santana.

A divulgação dos dados faz parte da campanha nacional Operação Integrada-Parada Rodovida 2012/2013, que entre o Natal e o Ano-novo terá ações de conscientização e fiscalização pelos ministérios da Justiça, da Saúde, do Transporte e das Cidades. Na Bahia, a campanha foi lançada ontem, em Simões Filho, pelo ministro dos Transportes, Paulo Passos. É neste período que, segundo a PRF, ocorre maior número de acidentes de trânsito.

A divulgação dos dados faz parte da campanha nacional Operação Integrada-Parada Rodovida 2012/2013
A divulgação dos dados faz parte da campanha nacional Operação Integrada-Parada Rodovida 2012/2013

Além dos três trechos da BR-324, a Bahia tem, na 81ª posição, um trecho da BR-116 entre o km 420-430, que leva ao Anel de Contorno de Feira de Santana.

O Índice de Gravidade, que classifica os trechos, define pesos para os acidentes (sem vítima: 1 ponto; com vítima: 5 pontos; com morte: 25 pontos). Para o cálculo, multiplica-se o número de acidentes registrados no trecho pela pontuação de cada tipo. O trecho mais perigoso do país é na BR-101, altura da cidade de Palhoça (SC).

Problemas
Segundo o superintendente substituto da PRF na Bahia, inspetor Virgílio Tourinho, o principal problema na BR-324 é o número elevado de carros e pedestres na região. “O fluxo de veículos é maior, além de ter várias passagens de pedestres, nem sempre com passarelas”, pondera.

Para ele, o alto índice de acidentes não tem relação com as condições da via. “A BR-324 está bem sinalizada. O problema é a imprudência. Se o condutor prestasse atenção às leis de trânsito, não se envolveria em acidentes. Excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas, falta de revisão no carro, dirigir embriagado, tudo isso contribui”, lamenta.

A rodovia, onde aconteceu o acidente, é uma das principais do estado, tem três trechos entre os 100 mais perigosos do país
A rodovia, onde aconteceu o acidente, é uma das principais do estado, tem três trechos entre os 100 mais perigosos do país

Na Bahia, segundo Tourinho, as principais causas de mortes são excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas e embriaguez. “O mais comum é colisão traseira. A pessoa se distrai, não percebe que o carro da frente freou e acaba chocando”.

Rotina
Moradores e trabalhadores da região afirmam que acidentes são rotina. “Não passa uma semana sem que eu veja um. E o que mais acontece agora é carro subir o canteiro (central) e atravessar a pista até o outro lado”, conta o motorista de ônibus Jutival Barbosa, 55, que mora no Conjunto Pirajá. Barbosa diz que condutores e pedestres agem com imprudência. “Aqui, o pedestre tem que se arriscar, ou não passa. E qualquer carrinho, para passar de 100 km/h, é daqui pra ali”.

Edivanda Jesus, 37, dona de barraquinha de doces no acostamento do km 616, conta que tem medo de continuar no ponto. “Os carros passam tão rápido que a gente nem vê, só ouve o barulho do baque quando pega alguém ou algum carro”.

O empresário Mateus Gummar, 33, faz parte das estatísticas que colocam a BR-324 entre as mais perigosas. Ele capotou na estrada no ano passado. “Eu estava a uns 170 km/h e tentei ultrapassar uma carreta, acabei tomando uma fechada. Tentando tirar da carreta, perdi o controle e capotamos três vezes”, lembra. Gummar vinha no sentido Feira-Salvador com a mulher. Apesar de nenhum dos dois ter sofrido ferimentos graves, o episódio serviu como lição. “Eu gostava muito de andar em alta velocidade, mas agora fica a memória do livramento”.

E muitos que tomam cuidado pagam pelos erros dos outros. Há quatro meses, o técnico de informática Saulo Oliveira, 29, seguia pelo trecho quando sentiu o impacto na traseira. “O cara vinha em alta velocidade, na chuva. Ele não viu que eu estava a 40 km/h. Só senti o impacto e fui empurrado para frente com muita força”. O carro teve perda total. “A sorte foi que não tinha ninguém no banco de trás”.

br-101 Tourinho destaca que o trecho da BR-101, como fica no entroncamento com a BR-324, também é um dos principais meios de acesso a Salvador e requer atenção.

“É perigoso, por ser muito sinuoso e não ter muitos pontos de ultrapassagem”. Tourinho diz que ali há problemas na via. “Precisamos trocar a sinalizações vertical e horizontal. E em alguns pontos falta a indicação de cruzamentos e lombadas”.
Correio

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