A campanha “Pituba sem Esmolas”, lançada pela Paróquia Nossa Senhora da Luz há sete meses, ganhou novos contornos após a divulgação de um outdoor, fixado nas dependências da igreja no final do mês de junho, em que há o número de uma conta bancária para depósito do dinheiro que supostamente serviria de esmola a pedintes do bairro.
As fotos do anúncio no Facebook geraram reações contrárias dos internautas, que ora parabenizavam a ação, ora criticavam: “Engraçado que o nome da campanha é ‘Pituba sem esmolas’, mas tem um número de conta em banco ali, né? Ou seja, esmola pros necessitados não pode, mas dar dinheiro pra igreja pode. Deus me livre desses cristãos!”.
A ação tem como objetivo incentivar a população a não dar esmola diretamente aos moradores em situação de rua do bairro da Pituba, mas sim contribuir com as ações desenvolvidas pela paróquia. De acordo com o frei Rogério Soares, apesar de a campanha ter apenas sete meses, o trabalho da igreja com os moradores de rua da Praça Nossa Senhora da Luz já dura três anos.
“Chegamos à conclusão que enquanto a esmola existir não teremos condições de fazer trabalhos com as pessoas em situação de rua. A esmola dá uma falsa segurança aos pedintes e contribui para uma ciclo vicioso. A maioria dos pedintes são profissionais nesse quesito. É algo que é passado de pai para filho, há uma exploração infantil e existe uma questão de territorialidade também, os espaços são sitiados”, explicou o frei. De acordo com ele, nos três anos de projeto mais de 50 pessoas foram atendidas pela igreja, que mantém parcerias com órgãos como a Defensoria Pública, o Núcleo de Assistência Social e a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps).
Sobre as críticas, o pároco diz gostar muito do debate. “Eu gosto muito das pessoas que pensam diferente, que trazem novas visões àquilo que acreditamos. Só que tem aquelas que não gostam da igreja, – e cada um tem seus motivos para gostar do que quiser – e querem macular a instituição. A opinião dessas eu não levo muito em consideração”, afirmou.
Para ele, o hábito de dar esmolas é essencialmente praticado por católicos e espíritas. “Os evangélicos não são disso. Inclusive, proíbo também os fiéis da paróquia de distribuírem sopas e mingaus. Para mim, isso é um tipo de esmola. Não admito tratar a pessoa como se fosse cachorro. O nosso tratamento é qualificado; pessoa tem de vir aqui, porque quem precisa é ela”, disparou
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