O Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC-BA) realizou na tarde desta quarta, 30, uma Sessão Solene, presidida pelo escritor Araken Vaz Galvão, em homenagem póstuma a João Ubaldo Ribeiro. A celebração à memória do escritor itaparicano foi realizada no Auditório Nilda Spencer, do CEC e foi em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA). O evento, aberto ao público, recebeu convidados especiais e familiares do escritor.
A mesa, que foi composta pelo o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim, o presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB), Aramis Ribeiro Costa, o teatrólogo Gil Vicente Tavares, a coordenadora de Literatura da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), Milena Britto e o escritor Joaci Góes e o presidente do CEC, Araken Vaz Galvão, contou também com representantes da família do escritor João Ubaldo, com a presença de sua filha Emília Ribeiro, e Manuel Ribeiro Filho, irmão do escritor.
Manuel Ribeiro Filho recordou com carinho do seu irmão e ressaltou o sorriso que o autor sempre carregava. “Sentimos intensamente sua falta como irmão e pai. Ele tinha um carisma que unia a família. Além disso, era um obstinado. Aprendeu inglês sozinho, com um dicionário. Desde muito cedo, dizia que iria viver da pena”, assinalou.
Ao falar sobre João Ubaldo, Araken Vaz Galvão destacou três de suas obras: Sargento Getúlio, Viva o Povo Brasileiro e a Casa dos Budas Ditosos. Para o presidente interino do CEC, foi em Viva o Povo Brasileiro que a cultura afro-baiana apareceu de forma magnífica junto à luta patriótica que culminou na independência da Bahia. “Já em A Casa dos Budas Ditosos, João Ubaldo se igualou aos grandes mestres do tema erótico”, disse Vaz Galvão.
Foto: Assessoria
Para Albino Rubim, João Ubaldo Ribeiro é uma figura ímpar. “Estamos homenageando um grande escritor e uma grande pessoa humana. É muito importante que se reconheçam pessoas que foram importantes para a cultura baiana. É uma obrigação da política cultural que figuras como Ubaldo sejam cada vez mais conhecidas e façam parte do repertório cultural dos baianos”, assinalou o secretário.
Dentre as obras destacadas no discurso dos convidados Viva o Povo Brasileiro (1984) foi a mais citada. “Viva o Povo Brasileiro imprime a necessidade de revisão da história das nações. A partir da história oficial ele compõe as narrativas que ficaram à margem. É uma rasura ao discurso oficial”, afirmou Milena. Opinião semelhante tem Aramis Ribeiro Costa, que recordou a fala de Ubaldo na posse da Academia de Letras da Bahia, onde foi indicado por unanimidade, e também comentou sobre o Viva o Povo Brasileiro. “É uma obra monumental pela qualidade e densidade”, afirmou.
O estilo literário do escritor também foi lembrado pelo diretor teatral Gil Vicente Tavares, seu afilhado, que adaptou a obra Sargento Getúlio (1971) para os palcos. “Um dos grandes valores da obra de Ubaldo foi unir o erudito com o popular de uma forma rara na literatura. É tudo muito natural e fluido na obra e na pessoa”, disse Gil Vicente.
Foto:veja.abril
O ESCRITOR – Nascido em Itaparica (BA), João Ubaldo Ribeiro faleceu aos 73 anos, na madrugada do último dia 18, no Rio de Janeiro. Jornalista, membro da Academia de Letras da Bahia e da Academia Brasileira de Letras, o escritor é considerado um dos nomes mais brilhantes da literatura contemporânea, com obras consagradas como Viva o Povo Brasileiro (1984), A Casa dos Budas Ditosos (1999) e Sargento Getúlio (1971).
Seus livros constam na maior parte das listas dos cem melhores romances brasileiros do século e foram traduzidos em 12 línguas Dentre as premiações recebidas ao longo de sua carreira, destacam-se o Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa, dois prêmios Jabuti de literatura, e duas premiações na Alemanha e na Suíça.