O deputado federal pelo SD-BA, Luiz Argôlo, declarou ontem que foi vítima de extorsão por parte da ex-contadora Meire Bonfim da Silva Poza.
O parlamentar baiano é acusado de possuir vínculo com o doleiro Alberto Yousseff, preso na Operação Lava-Jato. Em entrevista a jornalistas na tarde de ontem, Argolo contou detalhes do caso e afirmou que foi usado pelos verdadeiros culpados.
“Não existe um processo jurídico contra mim. Nesse processo de investigação contra Alberto Yousseff, tem falas com diversas pessoas. E o que eles encontraram nessas falas? ‘Pegaram’ um ‘cabra’ do interior, que não tem padrinho nenhum, e colocaram pra falar”, defendeu-se.
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Na semana passada, Meire Bonfim, que durante quatro anos prestou serviços contábeis a empresas de Alberto Yousseff, foi ao Conselho de Ética da Câmara e denunciou o envolvimento do deputado, bem como de outros de outros parlamentares, com o esquema.
A contadora disse conhecer bem Argôlo, que, de acordo com ela, era chamado de “bebê Johnson”. “Só estive com essa mulher uma vez e, não sei como, ela descobriu o meu telefone celular e mandou uma mensagem para mim, dizendo que precisava falar comigo urgentemente”, contrapõe o deputado.
Segundo ele, seu advogado marcou um encontro com Meire, que declarou problemas financeiros e pediu uma quantia emdinheiro.
“Na ocasião, ela disse que não queria prejudicar ninguém. Disse que Yousseff não queria resolver a vida dela, e pediu R$ 300 mil para pagar um advogado e algumas contas que estavam acumuladas. Ela chegou a mostrar um extrato da conta bancária”, relatou, acrescentando que se recusou a dar o dinheiro, por nada dever nem temer, o que teria motivado a declaração de Meire no Conselho.
Inocência
Aos jornalistas, Luiz Argôlo confirmou manter relações comerciais com Alberto Yousseff, mas negou a acusação de qualquer negócio ilícito.
O primeiro contato do parlamentar baiano com o doleiro teria ocorrido em 2011, quando o membro do SD elegeu-se deputado federal pelo PP.
“Conheci Yousseff, em um jantar de boas-vindas para os deputados. Do meu partido, na casa do também deputado João Leão. No fim de 2011, o partido fez uma festa de confraternização e Yousseff estava lá novamente. Ele me disse que tinha alguns investimentos aqui na Bahia, como um hotel e um terreno em Salvador e outro hotel em Porto Seguro. Eu o conheci como investidor. E como defendo a bandeira do investimento, vou atrás de investidor para o meu estado”, contou, e disse ainda que, após as eleições de 2012, teria vendido um imóvel a Yousseff, motivo para a transação financeira que o doleiro fez para a sua conta.
Amplamente noticiado pela imprensa nacional, o nome de Luiz Argôlo tem sido manchete nos principais jornais e sites brasileiros. “Aí eu pergunto: que tamanho tenho para ter tanto direcionamento por parte da mídia nacional? Estou em um partido que foi criado agora, sou o deputado mais novo da Bahia, com apenas 34 anos, e só tenho três anos e meio de mandato”, questionou-se.
Para ele, tamanha exposição se trata de uma tentativa de desviar o foco para o que realmente importa: “’Pegaram’ um ‘cabra’ do interior, que não tem padrinho nenhum para crucificar”, acusou.
Entre uma das hipóteses levantadas para explicar as acusações, Luiz Argôlo acredita que está servindo de bode-expiatório e boi de piranha pelos deputados realmente envolvidos com o esquema de lavagem de dinheiro.
Para ele, os verdadeiros culpados não querem se comprometer a pouco mais de um mês das eleições. “A disputa eleitoral esse ano está muito acirrada. Os deputados estão muito preocupados porque não estão conseguindo fazer a leitura do eleitorado. Pensaram o seguinte: vamos bater em Luís para haver um desgaste. Para que os holofotes se voltem para ele. Fazem isso porque têm a convicção de que eu tenho uma cadeira. É o jogo das cadeiras”, acredita.
De acordo com ele, Alberto Yousseff lhe deve mais de R$ 150 mil do imóvel comprado pelo doleiro. Sendo assim, as gravações de conversas obtidas pela Polícia Federal se referem apenas a esse assunto. “A única coisa seria o terreno que foi vendido pra ele. Ele me garantiu que iria me pagar, mas nunca fez isso” disse, afirmando que nunca soube que Yousseff era doleiro: “Por acaso o ‘cara’ vem com cartão de doleiro?”.
Argolo destacou também que políticos bem mais influentes poderiam ajudar ou ter negócios com Yousseff e que ele seria um mero integrante do sub-baixo clero, com pouco ou nada a oferecer ao doleiro e aproveitou para lembrar que quando o diretor da Petrobras envolvido em denúncias foi indicado para o cargo ele nem era deputado. “Querem me pegar de qualquer jeito, mas com inverdades jamais conseguirão” arremata ele.
Luiz Argôlo está tentando a reeleição para deputado federal pelo SDD
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