Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, morreu aos 105 anos nesta terça-feira (25/12), em Santo Amaro da Purificação.
A matriarca da família Veloso recebeu alta do Hospital São Rafael na sexta-feira (21), para receber cuidados médicos em sua casa em Santo Amaro, decisão da família a pedido de Dona Canô.
Ela será velada no Memorial Caetano Veloso, na Praça da Purificação, em Santo Amaro, inicialmente apenas para a família. O público poderá prestar as últimas homenagens a partir das 18 horas.
O enterro está marcado para as 10 horas dessa quarta-feira (26), no cemitério da cidade, depois de missa de corpo presente às 9 horas, na igreja local.
Ela fez 105 anos no dia 16 de setembro, e começou a ter problemas de saúde a partir de julho de 2011, quando foi internada no Hospital São Rafael, depois de ter passado mal em casa.
Em agosto de 2011, D. Canô queixou-se de dores na coluna e voltou a ser hospitalizada.
No dia 5 de novembro de 2012 uma forte gripe levou a outra internação, no mesmo hospital, que durou 4 dias.
E em 15 de dezembro ela sofreu uma isquemia cerebral, causada pela diminuição de fluxo sanguineo para o cérebro. Na sexta-feira (21), pediu à família para ser levada de volta a Santo Amaro. Os médicos concordaram com a alta.
A matriarca
Claudionor Viana Teles Velloso deixa 8 filhos. Entre eles, os cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia.
O carisma de Dona Canô, que nasceu em Santo Amaro da Purificação (BA) ganhou o Brasil. Conhecida como matriarca da família Velloso, ela morava em uma tradicional casa em azul e branco na Bahia.
A influência de Dona Canô não se limitava à família, ela tinha relações com Antônio Carlos Magalhães e Lula.
Lula e o governador Jaques Wagner, com D. Canô – Foto: Manu Dias/Secom
Algumas músicas citam a matriarca como, por exemplo, "Dona Canô", de Daniela Mercury e "Reconvexo", do filho Caetano Veloso, de 70 anos.
Ouça Maria Bethânia cantando "Reconvexo"
Ouça Daniela Mercury, Mariene de Castro e a Bandá Didá cantando "Dona Canô"
O governador Jaques Wagner expressou solidariedade à família de Dona Canô, e lamentou o falecimento do que chamou de "uma mãe exemplar, que serviu de referência para filhos que também são o orgulho da Bahia, dentre eles Caetano Veloso e Maria Bethânia, dois baianos que, como poucos, cantaram a Bahia".
Wagner ressaltou, ainda, a importância da matriarca para a vida santamarense. ”Em meu nome e de todos os baianos, presto solidariedade à família desta grande mulher, que representou o que a Bahia tem de melhor, um símbolo de força, doçura e coragem”, disse o governador, que irá ao velório no Memorial Caetano Veloso, em Santo Amaro da Purificação.
O presidente do PMDB na Bahia, Lúcio Vieira Lima, disse que "com o falecimento de D. Canô a Bahia amanheceu mais pobre".
O prefeito João Henrique lamentou a morte da matriarca, segundo ele "uma referência e um ícone da cultura baiana".
O prefeito eleito de Salvador, ACM Neto, disse que "a Bahia amanheceu mais triste e o céu muito mais alegre com a chegada de Dona Canô". Mas, segundo ele, "foram 105 anos encantando a Bahia". Para ACM Nego, a família Veloso é "um dos maiores símbolos da riqueza cultural" da Bahia.
Luciano Huck, apresentador da TV Globo, manifestou sua admiração pelos "105 anos de lucidez e sabedoria de Dona Canô", e o cantor baiano Netinho destacou os "105 anos de alegria e sabedoria".
A autora de novelas Gloria Perez disse que Dona Canô "era um pouco mãe de todos nós".
Paula Lavigne, que foi casada com Caetano Veloso, escreveu no Twitter: "Até na hora de morrer D. Canô faz bonito. Morreu como Charlie Chaplin, no dia de Natal! Que linda estória."
A vereadora Olívia Santana disse que a morte de D. Canô era "um presente para o céu", e acrescentou: "Difícil imaginar a linda festa de Terno de Reis, em Santo Amaro, sem ela".
A jornalista e apresentadora Leda Nagle expressou sua tristeza. "Mãe extraordinária, mulher sábia, pessoa encantadora! Meu carinho à família que aprendi a amar".
D. Canô e a filha Maria Bethânia
“Eu queria saber porque é que fica essa agonia comigo. Eu não sou nada, nunca fui nada!”.
“Na verdade eu tô pouco me importando com idade. A minha vida é essa até o dia que Deus permitir. Se ele quiser que eu viva, eu vivo."
“As pessoas me conhecem por causa de Caetano, já chegam aqui perguntando por ele. Mas eu nem sei direito por onde ele anda, o que vou responder?”
"Acho que cheguei até essa idade porque acredito em Deus e porque sempre vivi com a minha família, com pessoas do meu lado, com casa cheia. Acho que esse é o segredo”.