No próximo domingo (26/10), o Brasil retornará às urnas para eleger o presidente da república. Nos estados em que também houve segundo turno para a disputa ao governo, as expectativas se assomam ao duelo decisório pelo Palácio do Planalto.
Nesta semana serão jogadas todas as cartadas, todas as vãs filosofias que um dia de nada serviram, mas ganharão, a partir de agora, uma importância fenomenal. Fenomenal pela efemeridade da disputa. Entretanto, é preciso repetir mais uma vez que o país está decidindo, segundo os rumos de sua jovem democracia o caminho para o futuro. Não é simplesmente a decisão entre Dilma do PT e Aécio do PSDB: é a decisão por um futuro mais digno.
E ainda em caráter de proêmio, dirijo a palavra aos eleitores desacreditados que votaram nulo ou em branco por não acreditarem no sistema político vigente, nos programas de governo dos candidatos ou na expectativa democrática cantada e decantada pelas autoridades: autoridade não exerço senão pelo livre arbítrio e consciência dos meus deveres, sobretudo o dever da cidadania.
E disto sabendo, não me atreveria a exigir dos senhores e senhoras a obrigação de votar, além do que já o é. Mas a construção coletiva e social do Brasil não abdica do vosso auxílio. O país conta com a opinião de cada um sobre o seu futuro. E anular ou votar em branco – em minha humilde concepção política – é colocar na inércia um direito de eleger um representante. Cada um tem a sua opinião, é preciso respeitar, mas nem sempre concordar.
Desde a redemocratização o Brasil se acostumou a ver disputas aplacadas pelo poderio de uma das forças concorrentes à presidência da república. Estas eleições de 2014 trazem consigo uma perspectiva de indecisão que foge ao raciocínio lógico, aliás, faz-nos duvidar dos instituo de pesquisa (que erraram como nunca), brigar com os órgãos de imprensa e encher as mídias sociais de avatares com marcas de candidatos e manchetes de repulsa contra os adversários; mas não é simplesmente isso.
O palco ciberespacial escolhido para o show de leva-e-traz provou que todos os outros meios de comunicação, tradicionais e ainda impávidos (TV, rádio e jornal), convergiram para um só lugar. Foi na rede que o discurso dos media foi amplificado. Saudável e às vezes com o limite extrapolado, as discussões continuam fervilhando como água a 100°C. Político nenhum pôde se gabar de não ter bebido desta água e até mesmo ter se queimado com ela.
Em todos os anos eleitorais, os candidatos começam a campanha com aquele grave e célebre juramento: ‘Faremos uma campanha limpa, apresentando propostas em vez de denegrir a imagem do adversário’. As promessas começam a não ser cumpridas desde o pleito. As brigas de parte a parte ferem inclusive o senso crítico de quem assiste a um debate, por exemplo. É impossível diferenciar uma resposta agressiva e irônica de uma proposta de governo.
Fere-se inclusive a humanidade dos adversários. E isso vale para as duas candidaturas. Nosso sistema político e o imaginário criado pela mídia caracterizam a pessoa eleita como vitoriosa. Não deixa transparecer que sobre aquela carga de conquista há também a responsabilidade de dirigir uma nação com o tamanho dos seus problemas, como é o Brasil.
Dilma Rousseff e Aécio Neves, nestes últimos dias, dedicarão parte do tempo dos seus programas na TV e no rádio para conclamar os eleitores, sobre todos os aspectos, a não desistir de ir às urnas no domingo. Porque eleição se faz com apoio e clamor popular, mesmo quando o cenário é indefinido como apontam as pesquisas.
Provavelmente ainda haverá tempo para algumas rixas e provocações naturais ao sistema de disputa presidencial brasileiro. Aos poucos o clima de decisão passa a pautar as manchetes na imprensa, determinar a velocidade do fluxo de informações nas mídias sociais, silenciar os assuntos que não fazem referência às eleições. E domingo é dia de votar.