Na tarde desta quarta-feira, 25, a internet brasileira foi assombrada por um caso trágico. Um internauta, apenas identificado como Michel, publicou em seu Twitter um vídeo em que aparece molestando uma jovem. De acordo com informações do jornal Extra, a Polícia do Rio de Janeiro já teria identificado a menina das imagens e o autor que colocou a cena publicamente na web. No vídeo, um dos homens diz que a moça foi estuprada por mais de 30 homens e que estaria grávida deles. Em seguida, com a mão, ele abre o órgão genital da menina para mostrar que esse está sangrando, fazendo piadas pejorativas sobre o suposto crime de estupro. “Amassaram a mina”, diz ele de forma deplorável.,
Suspeito de divulgar imagem alega que não sabia de estupro de jovem
Segundo a Polícia carioca, o caso teria acontecido no Rio de Janeiro. A menina foi reconhecida por uma pessoa que viu o vídeo na web. Ela estaria em uma praça do Centro da cidade com outros moradores de rua. O homem então levou a jovem, lúcida, até à sua casa, onde neste momento ela é cuidada pela família. Ainda não há informações se ela seria ou não usuária de droga. A Polícia disse que não falará o nome da menina para não prejudicá-la. Os nomes dos suspeitos também não serão revelados por enquanto.
Apesar de dizer que a garota do vídeo que irritou a internet foi estuprada por 30 homens, apenas dois deles aparecem nas imagens. O estupro coletivo e quem teria participado dele agora é investigado pela Delegacia Especializada em Crimes de Informática. O caso ganhou grande repercussão no Rio de Janeiro e já é um dos temas mais buscados no Google. Infelizmente, muitas pessoas acabaram fazendo piadas com a situação, mostrando que a humanidade pode ser pior do que a gente imagina.
Uma outra foto, pixelizada pela nossa reportagem, mostra o rosto de um dos suspeitos. Ele exibe a vagina de sua vítima sangrando e mostra a língua, escrevendo que abriu um novo “túnel” no Rio de Janeiro. “Como alguém pode fazer algo tão perverso e se vangloriar na internet”, disse uma estudante que ficou revoltada com o caso no seu Facebook.
VIDEO ABAIXO:
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https://www.youtube.com/watch?v=qG-r0HHLqWs
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Um dos jovens envolvidos na divulgação das imagens da adolescente que foi vítima de um estupro coletivo em uma comunidade na Zona Oeste do Rio alega, através de seu advogado, que não sabia que jovem tinha sido estuprada.
“Não tem razoabilidade de mandar prender alguém por divulgar um vídeo. Eu não concordo com esse pedido de prisão. Ele [Marcelo] não sabia que se tratava de uma vítima de estupro, menos ainda que era menor de idade”, disse o advogado Igor Luiz Carvalho.
Segundo Igor, a repercussão do estupro coletivo deixou assustado o estudante Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, que teve a prisão preventiva pedida na quinta-feira (27). “Ele tá com medo, porque nas redes sociais falaram que iriam mata-lo. Ele tá bem assustado com a repercussão do caso”, contou o defensor, que classificou como “descabido” o pedido de prisão.
Igor disse que Marcelo recebeu as imagens da vítima do estupro em um grupo de Whatsapp. “Ele não conhece nem a menina nem os supostos estupradores. Ele divulgou só uma foto em que a menina está de costas. Embora fosse uma brincadeira extremamente grotesca, ele não sabia que era uma vítima de estupro”, reiterou o defensor.
O advogado disse que iria levar o garoto para se apresentar espontaneamente à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), que investiga o caso, mas recuou ao saber que a polícia representou à Justiça pela prisão de Marcelo e outros três envolvidos no caso – dois deles pela participação direta no estupro.
Igor disse que irá tentar revogar o pedido de prisão, por meio de habeas corpus, antes de apresentar Marcelo à polícia. A tese que o advogado irá defender é a de que o rapaz não sabia que a imagem era de uma menor de idade que havia sido estuprada.
“Ele não sabia que era uma imagem não consentida. Ele imaginou que era um desejo da própria pessoa, porque tem várias pessoas que pedem para tirar foto nessas situações”, defendeu, ressaltando que “não há nada que ele [Marcelo] possa fazer para atrapalhar o andamento do protesto”.
O advogado ressaltou ainda que a família do estudante “está arrasada”. Segundo ele, “a mãe não concordou com o ato dele. Foi um ato equivocado brincar com uma situação de uma mulher que estava nua. Ela ficou mais arrasada ainda com a repercussão”.
Quatro pedidos de prisão
Marcelo foi um dos primeiros a serem identificados pela Polícia como autor das postagens na internet com as imagens que humilham a adolescente estuprada. Morador da Cidade de Deus, ele não teria qualquer proximidade com os envolvidos no caso, segundo o advogado que o representa.
O outro envolvido na divulgação das imagens que também teve a prisão pedida pela polícia é Michel Brazil da Silva, de 20 anos. Os dois apagaram seus perfis nas redes sociais depois que o caso ganhou repercussão nacional.
Também tiveram a prisão solicitada pela polícia Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, com quem a adolescente tinha um relacionamento e teria participação direta no crime, e Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, que aparece nas imagens ao lado da garota. Raphael trabalhou como apoio a operador de câmera nos estúdios Globo, de onde foi desligado em agosto do ano passado. A polícia não tem a profissão atual dele.
A adolescente de 16 anos foi estuprada no sábado (21) numa comunidade da Zona Oeste. Em depoimento à polícia, ela disse que foi até a casa de um rapaz com quem se relacionava há três anos. Ela se lembra de estar a sós na casa dele e só se lembra que acordou no domingo, em uma outra casa, na mesma comunidade, com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela destacou que estava dopada e nua.
‘Eles iriam matá-la’
Ainda na terça-feira, segundo contou a pessoa da família, menina teria voltado à comunidade para tentar reaver seu celular, que foi roubado. Um agente comunitário foi quem a acolheu, ao perceber como ela estava, e a conduziu para junto da família novamente.
“Esse agente comunitário que veio trazê-la [para casa] eu acho que ele foi uma pessoa que salvou a vida dela, porque eles iriam matá-la. Porque é isso que eles fazem, né. Não é normalmente a história que a gente conhece? Eles estupram e matam”, disse a parente da adolescente.
A família só soube do estupro na quarta-feira (25), quando fotos e vídeos exibindo a adolescente nua, desacordada e ferida estava sendo compartilhado na internet.
“Eu a mãe, a gente chora quando vê o vídeo. O pai dela não aguenta falar que chora muito. Nosso sentimento é de tristeza, de indignação, estamos estarrecidos de ver até que ponto chega a maldade humana, né. A família está, assim, sem palavras, consternada”, desabafou a familiar.
Repercussão
Nas redes sociais, pessoas de todo o Brasil pedem rigor nas investigações e na punição. “Não foram 30 contra uma, foram 30 contra todos. Exigimos justiça”, destaca uma das publicações.
A Ordem dos Advogados do Brasil classificou o crime como uma barbárie. “Além do estupro, a divulgação dessas imagens torna a vida dessa pessoa eternamente humilhante. Então, é muito importante que as pessoas percebam que receber as imagens, assistir as imagens, também é crime”, destacou Daniela Gusmão, da Comissão OAB-Mulher.
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou uma nota em que se solidarizou com a vítima do estupro coletivo. A nota lembra também de um outro episódio ocorrido no Brasil, quando uma jovem do Piauí foi abusada por cinco homens, na semana passada. A ONU pede Justiça para esses dois casos.