‘Coração destruído’, diz mãe de adolescente de 14 anos que matou amigo com golpes de punhal

Por Redação
5 Min

“Estou com o coração destruído por ele ter matado uma pessoa”, desabafou a costureira, que é mãe do adolescente de 14, que aplicou dois golpes de punhal no ajudante de pedreiro Rodrigo Dias da Silva, 18, na noite desta terça-feira (28), no bairro de Itinga, em Lauro de Freitas. O adolescente é o filho mais velho da costureira, que tem três meninas, uma de 8, outras duas de 11 e 12 anos.

Segundo a mãe, Rodrigo e o filho tinham uma relação de amizade. “O rapaz frequentava lá em casa, às vezes almoçava com meu filho, até as roupas do meu menino ele usava. Eram amigos, andavam sempre juntos”, disse ela, nesta manhã, depois de ter sido ouvida pela delegada Juceli Rodrigues, titular em exercício da 27ª Delegacia (Itinga).

Rodrigo Dias da Silva foi morto a facadas por amigo (Foto: Reprodução)
Rodrigo Dias da Silva foi morto a facadas por amigo
(Foto: Reprodução)

A mãe não soube dizer o motivo que levou o filho a matar o então amigo. “Estava dentro de casa, quando a vizinha me chamou. Fiquei tremendo na hora. Acreditava que ele fosse sobreviver”, lamentou ela, que horas depois, no mesmo dia, encontrou com a mãe da vítima na 27ª DP. “Ela não me tratou mal. Ela sabe que como mãe não tive culpa, que tratava bem o filho dela”, disse a costureira.

Ela disse ainda que não sabia que o filho estava namorando e que a mãe da menina não aceitava o relacionamento por acreditar que o rapaz era envolvido com a criminalidade. “Meu filho nunca roubou e nem traficou. Ele usa maconha. Outras pessoas me disseram, a irmã de 11 anos já viu e ele depois me disse que usava, mas eu nunca concordei. Chorei quando ele abandonou os estudos no ano passado para andar com as más amizades. Implorei tanto, mas ele não quis retornar”, contou.

A costureira disse que estava surpresa porque o filho sempre foi uma pessoa tranquila, mesmo sob o efeito de entorpecente. “Sempre carinhoso. Acho que foram as más amizades. Ele nunca foi violento. Passou a morar comigo há três anos e nunca demonstrou agressividade”, disse ela. Anteriormente, o adolescente morava com a avó, também em Lauro de Freitas.

Ela disse que pretende se mudar de Itinga. “Estou sem chão. Não tenho mais como olhar para as pessoas aqui. Muito envergonhada. Vou me mudar”, finalizou.

O enterro de Rodrigo Dias da Silva estava previsto para as 15h desta quarta-feira, no Cemitério Municipal de Paripe, mas não ocorreu. Segundo informações de familiares, o corpo não foi liberado a tempo. A família também informou que tentará mudar o local do enterro para um cemitério próximo de Lauro de Freitas, local onde a a vítima morava.

Ainda de acordo com uma parente da vítima, que não quis se identificar, a mãe de Rodrigo necessitou de atendimento médico após receber a notícia. “Ela está muito abalada, sem condições para nada. Nós a levamos em um posto para o médico passar algum calmante. Ela não consegue comer, não fala nada”, contou.

Tapa
Em depoimento à delegada Juceli Rodrigues, o adolescente confirmou a versão de que atacou Rodrigo por revelar o namoro escondido entre a cunhada e o algoz. “Ele disse que a mãe da namorada dele deu um tapa no rosto da menina ao saber pela vítima sobre o relacionamento. A mãe dela não aprovava. Mas ele disse que está arrependido”, disse a delegada.

O adolescente será apresentado ao Ministério Público do Estado (MPE) amanhã, pela manhã. “Ele está numa cela separada e será apresentado à 2ª Promotoria de Lauro de Freitas”, disse a delegada, que em seguida, informou que o adolescente nunca havia sido encaminhado à unidade.

Outra versão
Do lado de fora da 27ª DP, uma irmã do adolescente contou outra versão para o crime. Segundo ela, o irmão agiu em legítima defesa, apesar de Rodrigo ter sido golpeado nas costas e na região femoral. “Eles brigaram antes. Rodrigo partiu para cima dele. Meu irmão ficou machucado e agiu em legítima defesa”, disse. Ela não soube dizer como o irmão conseguiu o canivete.

Ainda de acordo com ela, a vítima ameaçava o adolescente. “Meu irmão era ameaçado há muito tempo. Ele (morto) dizia que meu irmão estava dando em cima da namorada dele”, declarou.

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