A Polícia Civil divulgou na tarde desta terça-feira (19) informações sobre os depoimentos prestados por policiais militares que atenderam o estudante Leonardo Moura, que morreu no dia 11 de julho, dois dias após ser encontrado desacordado em uma praia de Salvador depois de sair de uma boate gay.
Os depoimentos, dados pelos PMs na segunda-feira (18), conforme a polícia, coincidem com a versão de testemunhas que afirmaram que o rapaz caiu de uma balaustrada, de uma altura de cerca de 4,7 metros, na região do Alto Sereia, no bairro do Rio Vermelho.
Segundo a Polícia Civil, conforme os relatos dos policiais que encontraram o rapaz desacordado sobre um esgoto, moradores da região disseram que Leonardo havia caído da balaustrada minutos antes da chegada dos PMs.
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Os policiais disseram que perguntaram sobre o ocorrido a Leonardo e ele disse que sentou na balaustrada para fazer uma ligação para um amigo e que, depois, não se lembrava de mais nada, nem de onde estava o celular. Os pertences do estudante, carteira, óculos e tênis, estavam todos juntos e foram entregues aos socorristas, conforme os PMs.
De acordo com um dos PMs, o rapaz teria dito que sentia dores na barriga e no pulso, onde havia uma escoriação no braço. O policial ainda relatou que as roupas do estudante estavam intactas e ele só tinha um pequeno sangramento no nariz.
A Polícia Civil também divulgou nesta terça dados do relatório médico do estudante, já anexado ao inquérito do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O documento diz que o rapaz chegou ao Hospital Geral do Estado (HGE), no dia 9 de julho, quando foi achado na praia, com intoxicação alcoólica e com perda de consciência. No depoimento, os policiais que socorreram o rapaz também afirmaram que, quando o estudante acordou na praia, era possível perceber um forte cheiro de álcool.
O relatório médico do estudante ainda informa que ele deu entrada na unidade de saúde às 8h02 e saiu do local por conta própria antes da realização de exames de trauma. Segundo o documento, no entanto, ele retornou no mesmo dia, às 15h27, com grave lesão renal, quadro de dor abdominal e vômito. O estudante, então, foi submetido a uma laparotomia exploratória, que identificou um extenso hematoma retroperitonial e uma grave lesão renal. Na manhã do dia 11, o estudante teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Na sexta-feira (15), a Polícia Civil já tinha divulgado uma nota dizendo que não havia indícios de agressão contra Leonardo. Por meio de nota enviada à imprensa nesta terça, a delegada Mariana Ouais, titular da a 1ª/DH, que investiga o caso, diz que os próximos passos para concluir a investigação são ouvir os médicos que atenderam Leonardo no HGE e os demais integrantes da família e amigos. O pai, uma prima e dois amigos já foram ouvidos. A delegada disse também que aguarda imagens próximas ao local, os laudos de perícia, além das perícias local, complementar e a cadavérica.
Leonardo Moura foi enterrado no dia 12 de julho, no cemitério Campo Santo, na capital. A família do estudante afirma que ele foi vítima de homofobia.