Suspeito de ter obtido vantagens indevidas durante toda sua vida pública, segundo a Lava Jato, o ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB) movimentou cerca de R$ 25,2 milhões na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) entre 2009 e 2014, sendo a maior parcela em compras e vendas de papéis da OGX e da Petrobras. As informações foram divulgadas pelo jornal Estadão.
Segundo o jornal, os números constam de extrato de movimentação e negociação BMF&Bovespa encaminhado à 6ª Vara Federal Cível no Paraná, que decretou a indisponibilidade de R$ 220 milhões do peemedebista – incluindo ativos na bolsa de valores – em uma ação de improbidade administrativa movida pela Procuradoria da República contra ele.
Ainda de acordo com a publicação, os dados mostram a atuação do “investidor” Cunha, que, segundo especialistas ouvidos pelo Estado, teve prejuízo estimado de R$ 70 mil nos papéis da estatal petrolífera que investiu, e realizava investimentos em papéis da estatal Petrobrás apenas para “girar dinheiro”, sem expectativas de muitos ganhos ou perdas.
Em suas contas secretas identificadas pela Suíça, por outro lado, o peemedebista era classificado como investidor de “perfil agressivo”, segundo a o banco Merryl Lynch, onde Cunha abriu offshores. O dinheiro no exterior, contudo, não era aplicado por Cunha na bolsa brasileira, mas sim na de Nova York onde, em três meses, ele teve um lucro de US$ 289 mil a compra e venda de ações da Petrobras.
A publicação detalha que os dados da Bovespa encaminhados à Justiça Federal consideram apenas movimentações se negócios em nome de Cunha de janeiro de 2009 a 16 de junho de 2016. Além destas operações, o Banco do Brasil também bloqueou, a pedido da Justiça Federal, uma ação da Oi de R$ 2,10 mantida pelo peemedebista naquele banco em julho deste ano, o que pode indicar que ele adquiriu o papel depois da data do relatório da Bovespa ou que ele já possuía essa ação antes mas não havia feito nenhum negócio com ela.