A operação Lanzarote, deflagrada nesta terça-feira, 27, pela Polícia Federal, cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e a prisão preventiva do sócio-administrador do Instituto Oftalmológico da Bahia (IOBA), acusado de fraudes na gestão de projeto com recursos federais.
A prisão ocorreu em Aracaju (SE), onde ele morava e gerenciava as clínicas de Guanambi e Brumado, no sudoeste baiano, e Itabaiana, também em Sergipe. Ele não teve o nome revelado pela polícia.
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De acordo com o coordenador da delegacia da Polícia Federal de Vitória da Conquista, Jorge Vinicius Gobira Nunes, delegado que está à frente das investigações, o preso ficará custodiado em Aracaju, onde responderá ao inquérito policial aberto há cerca um ano e meio.
O delegado destacou que durante a operação foram apreendidos dois veículos de luxo, além de documentos e materiais que reforçam a existência de fraudes na gestão do instituto em relação ao Projeto Glaucoma.
Financiado pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC), do Ministério da Saúde, o projeto cadastra e contrata instituições de saúde para tratamento oftalmológico de pessoas com glaucoma. Também oferta atendimento clínico e distribuí colírios.
Conforme dados do Ministério da Saúde, entre o ano de 2013 e maio de 2017, o IOBA recebeu valores que somam quase R$ 9,5 milhões, referentes a atendimentos realizados em 31 municípios da Bahia, sendo a maioria na região de Guanambi.
Ainda segundo o delegado, para implementar o Projeto Glaucoma foram realizados grandes mutirões em diversos espaços de cidades do sudoeste baiano. Por causa destes encontros, o IOBA recebeu valores acima da sua capacidade física de atendimento.
Durante as investigações, aconteceram mais de 50 audiências em oito cidades da Bahia. “Ouvimos pacientes e médicos que atestaram que muitas pessoas que estavam sendo tratadas, de fato não tinham a doença”, enfatizou Jorge Vinicius.
Ele salientou que não sabe ainda quantas pessoas foram tratadas sem a doença, mas que um dos médicos constatou que mais de 50 dos seus pacientes “estavam sendo tratados sem apresentarem glaucoma”, afirmou o delegado.
Outra revelação dos envolvidos no projeto foi que o administrador do IOBA exigia dos médicos, enfermeiros e até dos técnicos que multiplicassem a quantidade de pacientes atendidos. Também eram motivados a ministrar colírios da linha 3, os mais caros utilizados para portadores de glaucoma.
Lanzarote é uma referência à ilha onde nasceu o escritor português José Saramago, autor da obra “Ensaio sobre a Cegueira”. As pessoas indiciadas no inquérito vão responder aos artigos 129, 278 e 312 do Código Penal.
A reportagem de A TARDE tentou ouvir os responsáveis pelo Instituto Oftalmológico da Bahia (IOBA), no entanto, após a operação da Polícia Federal, ninguém atendeu aos telefonemas.