A família do artista plástico Arnaldo Filho, de 61 anos, fará uma manifestação no dia em que a morte completa sete dias. Nesta sexta-feira (27), familiares e amigos se reunirão em frente à casa onde morava Nadinho, como ele era conhecido, no bairro do Santo Antônio, e caminharão em silêncio até a praça Dr. Gualberto Dantas Fontes.
Na última terça-feira (24), a morte do artista plástico foi discutida em uma reunião entre o comandante geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Brandão, familiares, o prefeito Pitágoras Ibiapina e vereadores, no quartel da PM, nos Aflitos.
Nadinho foi morto a tiros dentro da casa onde morava durante uma ação da Polícia Militar, na noite do último sábado (21), no bairro do Santo Antônio. Segundo testemunhas, uma guarnição da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (10ª CIPM) teria invadido a casa do artista e efetuado os disparos contra a vítima que estava desarmada.
Memorial
Segundo uma das filhas, do artista plástico a manifestação será pacífica e será uma espécie de homenagem artística a seu pai. “Vamos pedir que as pessoas vão de branco e levem velas. Vamos levar a arte dele, as pessoas vão recitar poesias que foram feitas em sua homenagem”, contou Márcia Cristina dos Santos sobre o ato que vai começar às 18h.
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Mais cedo, às 7h, será realizada a missa de sétimo dia, na Igreja Matriz Nossa Senhora das Candeias. No convite distribuído para amigos e parentes, consta a frase de protesto da família. “A sua única arma era o pincel”.
Justiça
Desde o momento em que a família de Nadinho soube das circunstâncias em que ele foi assassinado não cansa de clamar por Justiça. Além de denunciar o caso à imprensa, ela fez uma manifestação na última segunda-feira (23) pedindo a prisão dos PMs que atiraram no artista plástico.
Após o episódio causar grande comoção social, a família, o prefeito e vereadores de Candeias foram recebidos pelo comandante geral da PM, Anselmo Brandão na última terça-feira (24), que prometeu concluir o inquérito sobre a morte do artista plástico em até 40 dias. Segundo Márcia Cristina dos Santos a Polícia ofereceu auxílio psicológico aos familiares de Nadinho.
“Pela primeira vez eu senti uma pontinha de esperança. Mas não cessou nosso desejo por Justiça. Vamos continuar lutando”, disse Márcia. A família vai procurar um advogado e a Defensoria Pública para acompanhar o processo.
Entenda o caso
O artista plástico Arnaldo Filho, conhecido como Nadinho, morreu após ser baleado durante uma ação da Polícia Militar dentro de seu ateliê, na noite de sábado (21), em Candeias. Segundo os familiares da vítima, PMs entraram no imóvel e já chegaram atirando no homem, que estaria desarmado e desenhando.
Em nota, a PM afirmou, inicialmente, que a morte aconteceu no bairro Santo Antônio, por volta das 20h, após equipe de militares da Operação Força Tática de Candeias receberem um chamado através do Centro Integrado de Comunicação (Cicom), informando que um homem havia invadido uma residência no bairro.
"Ao chegarem no endereço informado, as equipes policiais bateram à porta do imóvel e identificaram-se como policiais militares, contudo o homem que apareceu em uma das janelas recepcionou os policiais empunhando e apontando uma arma de fogo contra os integrantes das guarnições e, segundo o relato dos próprios policiais, teria acionado duas vezes a tecla do gatilho da arma, mas a munição teria falhado. Frente à iminente ameaça, os policiais alvejaram o homem com dois disparos, um atingiu o braço e outro, o tórax", afirmou a PM, em nota.
A família negou que isso tenha ocorrido. "Eles entraram na casa e plantaram uma arma. Ainda disseram que meu tio tinha pólvora na mão, mas ele não atirou. Era um homem de bem que não tinha nenhum envolvimento. Ele morava nessa casa desde pequeno", complementa o sobrinho que, junto à outros familiares, pretende denunciar a ação policial.
Na última segunda (23), familiares do artesão fizeram um protesto na frente da delegacia de Candeias, pedindo a prisão dos policiais envolvidos na operação. Também nesta segunda, três dos seis policiais militares envolvidos no caso foram afastados das atividades operacionais. De acordo com a PM, eles foram afastados para serem acompanhados por uma equipe de psicologia do Departamento de Promoção Social (DPS) da Corporação, contudo responderão em paralelo ao Inquérito Policial Militar instaurado.