Nayra Gatti: Quem era a vítima e o que pensa o pai da menina

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Ávida leitora e bastante estudiosa, Nayra Gatti, de 14 anos, foi morta na Aldeia de Xandó, comunidade indígena pataxó da Vila de Caraíva, na última sexta-feira (10). A menina passou 24 horas desaparecida e foi encontrada com sinais de estrangulamento. Além disso, a suspeita é de que a jovem tenha sido abusada sexualmente.

Toda a situação ocorreu durante um blackout que assolou a região por 36 horas. Nayra voltava para casa com o pai e a irmã mais nova, de 9 anos, após compras no supermercado, quando desapareceu das vistas dos dois em uma rua escura. A busca pela menina durou um dia inteiro e a jovem só foi encontrada às margens de um rio.

O Sociedade Online entrou em contato com Valéria Cardoso, amiga da família e voluntária da Biblioteca de Caraíva, a qual Nayra frequentava bastante. A mulher contou que a vítima era bastante tranquila, lia muitos livros, treinava Jiu-Jitsu, participava de atividades de uma ONG da região e não saía com desconhecidos. Além disso, a menina e sua família são conhecidas na comunidade, que conta com uma pequena quantidade de moradores.

O que pensa o pai da vítima

Apesar das poucas pessoas que moram na região, segundo o pai da vítima, Sebastian Ricardo Gatti, mortes vêm ocorrendo há alguns meses na região, evidenciando a falta de segurança no local.

Em Caraíva, que possui população estimada em 1.000 habitantes, no ano passado, foi registrada 1 morte, enquanto em 2021, cinco mortes foram contabilizadas, de acordo com dados da Polícia Civil.

Questionado sobre a possibilidade de alguma pessoa de outra cidade ter cometido o crime, visto que nos últimos dias houve a entrada de muitos turistas, Sebastian descarta e diz acreditar que a morte foi provocada por um morador da comunidade que, inclusive, devia conhecer Nayra. Para ele, a pessoa conhecia o local e soube exatamente onde deixar o corpo da menina para que não fosse facilmente descoberto, mesmo com um blackout na região.

Trabalho da polícia e decisão do MP-BA

Assim como o pai de Nayra, Valéria classificou o trabalho da polícia no caso como “excelente”. Segundo a bibliotecária, os investigadores estão colhendo depoimentos e amostras de sangue de suspeitos.

Como parte do processo, o Ministério Público da Bahia solicitou à Justiça a determinação do afastamento dos pais de Nayra Gatti da filha mais nova, de 9 anos. Segundo Valéria, a mãe da menina foi diagnosticada com esquizofrenia e está internada em outro país.

Comportamento de Nayra

De acordo com Valéria, Nayra apresentou um comportamento cada vez mais retraído. A adolescente não saía com turma de amigos, ficava bastante quieta e foi classificada pela bibliotecária como uma pessoa introspectiva e “centrada”. O comportamento, diz Valéria, pareceu fazer parte de um processo da adolescência.

O comportamento foi percebido pela ONG, onde ela fazia atividades, e pela assistência social, fazendo com que a jovem passasse a ter atendimento psicológico na organização.

“Notícia dolorosa”

Sebastian Gatti contou que a notícia foi, para a irmã de Nayra, “triste e dolorosa”. A pequena menina, segundo Valéria, inicialmente pensou que sua irmã havia se afogado no rio, contudo, acabou sabendo do verdadeiro ocorrido. A pequena era cuidada não só pelo pai, mas também por Nayra, quando necessário.

A bibliotecária, próxima à família, contou que a criança fala com frequência de Nayra e afirmou, durante o enterro da menina, que sentia a presença da irmã. “Ela mandou um beijo”, teria dito a menina.

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