Presos como suspeitos do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, os irmãos Oseney da Costa de Oliveira e Amarildo da Costa Oliveira confessaram o assassinato da dupla, segundo fontes da Polícia Federal. As informações são do G1.
Eles foram levados nesta quarta-feira (15) até o local onde aconteciam as buscas por Dom e Bruno, na Amazônia. Conhecido como “Dos Santos”, Oseney foi preso temporariamente nessa terça-feira (14). Já Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, estava detido desde 7 de junho.
Nove pessoas foram ouvidas pela polícia até esta quarta-feira (15). Entre elas, a mulher de Amarildo. Ela prestou depoimento na última sexta-feira (10) em companhia de um advogado e preferiu não falar sobre a prisão do marido nem sobre o caso dos desaparecidos.
Bruno e Dom estão desaparecidos desde o último dia 5 de junho, quando faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Vale do Javari, Amazônia.
A viagem costuma durar apenas duas horas, mas Bruno e Dom nunca chegaram. Após horas sem contato, uma equipe da Univaja formada por indígenas conhecedores da região que trabalhavam com Bruno partiu em busca dos dois, mas sem sucesso.
PERSEGUIÇÃO
Testemunhas relataram à Polícia Federal que viram a embarcação com o indigenista e o jornalista britânico ser perseguida por Amarildo da Costa Oliveira.
As declarações colhidas pelos investigadores estão presentes em um relatório da corporação, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) nessa terça-feira (14). Elas ainda indicam que o brasileiro disse ter sofrido ameaças na região.
“Em 11/06/2022, uma testemunha com identificação protegida prestou depoimento à Polícia Federal no interesse do inquérito policial instaurado no âmbito da Delegacia de Polícia Federal em Tabatinga. A testemunha relatou que ouviu Bruno dizer que estava sendo ameaçado por pessoas que não aceitavam as atividades de combate às ilegalidades recorrentes contra indígenas da região”, diz o documento, a qual o jornal Correio teve acesso.
“Entre as ameaças recebidas por BRUNO, algumas delas foram proferidas por ‘PELADO’, indivíduo tempos atrás teria efetuado disparos de arma de fogo contra a base local da FUNAI e, recentemente, ameaçado os ‘vigilantes’ da região ostentando uma arma de fogo do tipo espingarda”, relata a PF.
O homem é pescador e, até o momento, é apontado como o principal suspeito do desaparecimento da dupla. Segundo as testemunhas, duas pessoas, usando roupas como as que as vítimas usavam no dia que sumiram, foram avistadas sendo perseguidas por dois homens.
“Cerca de dois minutos após a embarcação de Bruno ultrapassar a do depoente, uma voadeira de alumínio, da cor verde, com motor 60 hp, ultrapassou a embarcação do depoente que o depoente reconheceu essa segunda embarcação que ultrapassou, de cor verde, como sendo a embarcação do ‘Pelado’ viu que na embarcação havia mais um homem sem saber declinar quem seria somente que estava de roupa escura e manga cumprida”, diz o trecho do relatório.
Os investigadores encontraram vestígios de sangue na lancha usada por “Pelado”. Segundo o portal g1, não foi confirmado se o sangue é humano ou de animal. O material foi coletado e encaminhado de helicóptero para Manaus, onde deve ser periciado, conforme a Polícia Federal.