A reconstrução das rodovias destruídas pelas enchentes no Rio Grande do Sul terá apoio do governo federal, inclusive das estradas administradas pelo estado, afirmou neste domingo (5) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acompanhado de uma comitiva de representantes dos Três Poderes, Lula destacou que as verbas estão garantidas e prometeu reduzir a burocracia para as obras.
“Eu sei que o estado enfrenta uma situação financeira difícil, sei que muitas estradas estão com problemas. Quero dizer que o governo federal, por meio do Ministério dos Transportes, vai ajudar vocês a recuperarem as estradas estaduais”, afirmou Lula em pronunciamento após sobrevoar a região metropolitana de Porto Alegre, acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; e do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não haverá impedimento da burocracia para que possamos recuperar a grandeza deste estado”, destacou Lula, que também solicitou que as autoridades públicas, de agora em diante, atuem de maneira preventiva para reduzir o impacto de eventos climáticos extremos. “É preciso que a gente pare de correr atrás da desgraça. É preciso que a gente veja com antecedência o que pode acontecer de desgraça para que possamos trabalhar”, acrescentou.
Essa é a segunda viagem de Lula ao Rio Grande do Sul desde o início das enchentes. Na quinta-feira (2), o presidente visitou Santa Maria, região central do estado, para acompanhar os trabalhos de resgate e socorro às vítimas.
O ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, que também participou da reunião, informou que os governos federal e estadual começam a trabalhar com as prefeituras de regiões como o Vale do Taquari para restabelecer serviços onde os rios começam a recuar. Ele esclareceu que a prioridade continua sendo o resgate de pessoas ilhadas.
Lula fez um pronunciamento após liderar uma reunião de autoridades federais com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo; e outros prefeitos gaúchos. Antes da reunião, a comitiva sobrevoou a região metropolitana de Porto Alegre, onde puderam observar os estragos causados pela subida do Lago Guaíba.
Pedidos de recursos
O governador gaúcho, Eduardo Leite, reiterou que o estado enfrenta a maior catástrofe climática de sua história. Leite alertou para o risco de desabastecimento e colapso em diversas áreas, devido à interdição do Aeroporto Salgado Filho, aos bloqueios e destruições em rodovias e à falta de energia e água em várias localidades. Após o resgate das vítimas, afirmou o governador, a preocupação será com a retomada das atividades da indústria do estado, que possui a quarta maior economia do país.
“Estamos acompanhando o impacto nas cadeias produtivas, pois os animais não chegam, o frigorífico também foi atingido, colapsado. Isso afeta a vida dos trabalhadores naturalmente, mas também tem impacto no abastecimento. Portanto, ações terão que ser tomadas nessa área. O impacto na indústria, devido à falta de insumos ou às empresas fornecedoras afetadas, paralisações nas plantas industriais, exigirá medidas econômicas”, ressaltou o governador.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, solicitou a chegada rápida de recursos aos municípios para que os trabalhos de reconstrução possam começar o mais breve possível. Em sua própria cidade, destacou, faltam equipamentos para lidar com uma tragédia climática dessa magnitude. Segundo ele, a situação é ainda mais grave no interior do estado.
“Faltam barcos, botes e coletes na cidade. Estou falando da minha cidade, mas isso se estende para muitas dezenas de municípios e não podemos esperar. Tem que ser hoje, tem que ser agora”, disse Melo. O prefeito destacou que 70% da cidade está sem água e que há escassez de diesel para os caminhões-pipa e de oxigênio para os hospitais, mas afirmou que, neste momento, as autoridades públicas precisam concentrar-se em salvar vidas.
Até as 12h deste domingo, o Rio Grande do Sul registrava 75 mortes, 155 feridos e 103 pessoas desaparecidas. Ao todo, 781 mil moradores foram afetados pelos temporais.
Com informações da Agência Brasil.