Os vereadores de Salvador anteciparam o recesso de meio de ano em 12 dias visando a campanha eleitoral. A decisão foi tomada após a aprovação, na tarde desta quarta-feira (19), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 enviada pela Prefeitura. Oficialmente, o período de suspensão das atividades legislativas terá início em 1° de julho, com os edis retornando aos trabalhos na Casa em 5 de agosto.
O recesso ampliado devido à pré-campanha eleitoral já estava planejado pelos vereadores e pelo presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB). O que não estava previsto foi a sessão tumultuada marcada por falas machistas do vereador Átila do Congo, que é presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB) na Bahia.
A confusão teve início quando a vereadora Laina Crisóstomo (Psol) criticou um dos projetos do Executivo que propunha alterações em empréstimos já aprovados na Casa. Interrompida pelo vereador Paulo Magalhães Júnior (União), Laina parou seu discurso chorando. Ela afirmou: “Eu não consigo terminar a fala porque é isso. Ser mulher na política é isso todos os dias.”
Posteriormente, Átila do Congo declarou sentir-se constrangido com a fala de Laina. Ele expressou: “Às vezes, o que parece é que nesse vitimismo os homens estão ficando para trás e sendo colocados como vilões. O argumento de fachada é o machismo. Fazemos um alerta para os homens abrirem os olhos.”
As vereadoras Laina, Marta Rodrigues (PT), Débora Santana (PDT), Ireuda Silva (Republicanos), Cris Correia (PSDB), Roberta Caíres (PP) e Marcelle Moraes (União) rebateram com intensidade. Ireuda e Débora relataram que já foram vítimas ou testemunharam casos de violência doméstica em suas próprias famílias.
No final da sessão, Carlos Muniz colocou as vereadoras Ireuda, Marta, Laina, Marcelle e Cris no comando dos trabalhos como forma de apoio. Ele também ironizou o fato de Átila comandar o PMB na Bahia e não defender as mulheres.
Outros projetos
Além da LDO, os vereadores aprovaram outros dois projetos do Executivo. O primeiro modificou a lei de dezembro de 2021 que permitiu ao Executivo contratar US$125 milhões junto à Corporação Andina de Fomento. O objetivo é captar recursos para o financiamento de despesas em áreas de infraestrutura, equipamentos urbanos, mobilidade e qualificação profissional.
O segundo projeto do Executivo aprovado na Câmara alterou um empréstimo aprovado originalmente em dezembro de 2023, no valor de R$150 milhões, para a renovação da frota de ônibus na cidade. A modificação incluiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) como opção de agente financiador – o texto anterior mencionava apenas a Caixa Econômica Federal.
A Câmara Municipal também aprovou projetos de indicação, requerimentos, moções e honrarias propostas pelos vereadores.