Após o escândalo, o governo Lula (PT) está estudando a possibilidade de desistir do leilão da compra de arroz importado. Isso ocorre porque, segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a gestão federal também está analisando outras alternativas no país para conter a alta nos preços do produto e evitar um desabastecimento devido às enchentes do Rio Grande do Sul, local onde a produção do cereal é alta.
O primeiro leilão foi cancelado após suspeitas de irregularidades no processo de escolha da empresa vencedora do certame. O presidente Lula afirmou que a suspensão deve-se à descoberta de “falcatrua” e explicou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) constatou que as empresas convocadas não teriam condições de entregar o arroz.
“Tivemos a anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa. Não é possível, o povo não pode pagar R$ 36 por um pacote de 5 kg. Aí tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. A gente vai dar uma garantia de preço”, declarou o mandatário.
O ministro Carlos Fávaro afirmou que a sugestão para investigar o processo do leilão partiu dele. “Fui eu quem sugeriu ao presidente Lula que colocasse a Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União (CGU) para investigar o leilão”, informou à coluna Andreza Matias, do portal Uol.
Fávaro ainda nega qualquer tipo de relação com o diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thiago José dos Santos, responsável pelo certame.
“A decisão foi compartilhar as diretorias [entre os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, a quem a empresa pública está subordinada]. O próprio Neri Geller indicou o Thiago. Eu já disse a ele que deveria colocar o cargo à disposição, mas o ministério gestor da Conab é o Desenvolvimento Agrário”, declarou.
O escândalo em volta do primeiro leilão culminou na derrocada do secretário de Política Agrícola do ministério, Neri Geller, que foi exonerado da pasta na quarta-feira passada, 12.
Apesar de ver a possibilidade de extinção do processo, Fávaro ainda fala sobre a necessidade do leilão para evitar um desabastecimento do cereal no país.
“Porque se faz necessário a Conab ter um estoque. A Conab está vulnerável. É papel da Conab ter estoques públicos para poder combater inflação, garantir preços mínimos aos produtores e garantir o controle inflacionário. Em 2023, na segunda seca drástica no RS, produtores gaúchos colocavam os animais na beira da estrada para comer restos de capim. E a Conab não tinha um quilo de milho para vender aos produtores, como hoje não tem um quilo de arroz para poder combater a especulação de preços”, pontuou.