Vinte e quatro anos depois do impeachment de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito após duas décadas de ditadura militar, a Câmara dos Deputados decide neste domingo se autoriza a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A aprovação, que precisa do apoio de 342 dos 513 deputados, poderá deflagrar o fim da era de 13 anos do PT no poder. Cada parlamentar deve votar em 30seg.
Mesmo estando em curso a sessão mais longa da história da Câmara — , o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garantiu que a votação terá início, impreterivelmente, às 14h. Com o prolongamento dos discursos, que começaram às 8h55m de sexta-feira, houve dúvidas sobre a manutenção do horário. Mas Cunha fechou acordo com líderes dos partidos de oposição, pelo qual 60 deputados abriram mão das inscrições, o que deve encurtar os discursos entre seis e sete horas.
Segundo André Moura, líder da bancada do PSC, os partidos pró-impeachment também acertaram que, caso ainda haja pronunciamentos previstos pouco antes das 14h, eles apresentarão requerimento para o encerramento da discussão.
A sessão de votação começará com a orientação das lideranças das legendas. Em seguida, os deputados serão chamados um a um para dizer o voto, obedecendo a ordem Norte-Sul, Sul-Norte, começando por Roraima e terminando por Alagoas. No mapa de Cunha, segundo aliados, a previsão é que o voto 342 em favor do impeachment seja dado por um deputado da Bahia ou da Paraíba.
Preocupado em constranger ausências, Cunha estuda ainda chamar todos os deputados de um estado e, logo em seguida, realizar a segunda chamada deste mesmo estado.
Dois telões vão exibir imagens das manifestações externas no plenário da Casa enquanto os deputados votam. Eles exibirão as imagens de duas câmeras externas: uma instalada no 28º andar e outra sobre a laje do Congresso, entre as cúpulas da Câmara e do Senado. De acordo com informações da diretoria-executiva da Comunicação Social da Câmara, serão transmitidas imagens dos dois grupos, pró e contra o impeachment, “de pixuleco a ‘Fora, Cunha!’”, para que os deputados tenham a visão do clima das ruas.