Poucas horas de ser homenageado pela mulher, a deputada federal Raquel Muniz (PSD), como exemplo do Brasil “que tem jeito”, no voto pela admissão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, no domingo (17), o prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz (PSB), foi preso preventivamente pela PF (Polícia Federal) em Brasília, acusado de corrupção.
De acordo com as denúncias do MPF (Ministério Público Federal), Muniz e a mulher são acusados por improbidade administrativa. De acordo com a denúncia, o casal usou entidades filantrópicas registradas em nome de laranjas para fugir de pagamentos de tributos de empresas da família na área de educação e saúde.
No voto pelo impeachment, a deputada disse: “o meu voto é pra dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso pra todos nós com a sua gestão”. Ela dedicou ainda às vítimas da BR- 251, citou ainda outros nomes e sua neta e sua mãe. Finalizou então com “sim, sim, sim”.
O MPF afirma também que uma dessas entidades é ligada a prefeitura e acabou sendo “apropriada” pelos dois depois que outra associação usada por eles passou a ser alvo de centenas de ações fiscais e trabalhistas.
A ação relata que, no fim dos anos 1980, Ruy e Raquel constituíram empresas privadas de educação, e depois adquiriram, por meio de uma “nebulosa negociação”, a associação filantrópica Soemoc, posteriormente denominada Soebras, com a finalidade exclusiva de obter o certificado de beneficência para fugir do pagamento de tributos.
De acordo com a denúncia, os acusados controlavam todos os órgãos de direção e fiscalização da Soebras por meio de familiares e “laranjas”, na maioria das vezes pessoas humildes e de pouco pouca instrução que trabalhavam para o casal.
O MPF afirma que a família Muniz teria passado a utilizar a Soebras ilicitamente para distribuição de lucros e vantagens econômicas, o que levou a Receita Federal a suspender sua imunidade tributária nos períodos de 2001 a 2010.