A aprovação da cassação do mandato de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), ex-líder do governo na Casa, foi na noite de terça-feira (10). A decisão foi aprovada com 74 votos favoráveis, nenhum contrário e uma abstenção.
Cassado por quebra de decoro parlamentar, Delcídio não compareceu à sessão que definiu o fim do mandato na Casa. O processo contra o ex-petista, que teve início no Conselho de Ética do Senado e teve parecer favorável aprovado na segunda-feira (9) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), alega que o então senador tentou obstruir os trabalhos da Justiça.
A votação conduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi acelerada devido à votação sobre a admissibilidade do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, agendada para ocorrer nesta quarta-feira (11). Com poder sobre a pauta do Senado, o peemedebista condicionou a votação sobre o pedido de afastamento da presidente à decisão sobre o caso Delcídio. Renan queria justamente evitar a possibilidade de Delcídio votar no processo contra Dilma.
O processo contra Delcídio teve início após a prisão, em novembro do ano passado, quando o então senador foi flagrado em gravação planejando a fuga do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. O ex-petista também ofereceu ajuda financeira à família de Cerveró numa tentativa de evitar que o ex-diretor da estatal fechasse um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Solto em fevereiro, após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, Delcídio chegou a enviar cartas aos demais senadores para evitar o andamento do processo no Conselho de Ética, estratégia que caiu por água abaixo assim que depoimentos dados pelo agora ex-senador à Procuradora-Geral da República vieram à tona.
Nas delações, Delcídio fez acusações contra diversos integrantes do Congresso Nacional, além de citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer.
Delcídio foi eleito senador pela última vez nas eleições de 2010, quando recebeu mais de 828 mil votos em seu Estado, o Mato Grosso do Sul. Em 2014, o ex-petista concorreu ao governo sul-mato-grossense, mas acabou derrotado. Uma vez cassado, Delcídio ficará inelegível pelos próximos oito anos. Ele poderia ter evitado que isso ocorresse caso optasse por renunciar ao cargo, o que não ocorreu.
O posto de Delcídio no Senado será ocupado pelo Pedro Chaves dos Santos (PSC-MS).