O empresário Marcos Valério, operador do esquema que ficou conhecido como mensalão decidiu falar. Mais que isso: já conversa com promotores para tentar um acordo de delação premiada no qual promete revelar detalhes ainda obscuros dos escândalos tanto no nível estadual como na esfera federal.
Um documento protocolado da 17ª Promotoria de Patrimônio Público da Comarca de Belo Horizonte em que Valério se oferece para um acordo de delação em troca de informações para o processo do chamado mensalão mineiro, que tramita na 9ª Vara Criminal da capital.
O advogado de Marcos Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, confirmou a autenticidade do documento, mas não quis revelar detalhes do acordo. “O que posso dizer é que a sociedade vai se escandalizar com que o Marcos Valério vai revelar”, afirmou, completando que o cliente promete trazer fatos novos que irão ajudar bastante nas investigações.
Além de auxiliar a comprovar ilicitudes apuradas em processo do mensalão mineiro, que investiga o suposto caixa 2 na campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), a gênese do esquema que depois foi replicado pelo PT em nível nacional, Marcos Valério já estaria negociando um acordo com investigadores federais, para tratar de temas que vieram à tona na operação Lava Jato.
De acordo com informações de pessoas próximas às negociações, Marcos Valério estaria disposto a falar sobre a suposta maquiagem das contas do Banco Rural e o sumiço de documentos da CPI dos Correios, que ajudou a abafar a proteger interesses de envolvidos nos esquema. As primeiras informações dessa prática vieram à tona em delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT, hoje sem partido).
Entre os pedidos de Marcos Valério estaria a transferência para a APAC de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O operador do mensalão, preso desde novembro de 2013, foi condenado a mais de 37 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Detido no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, ele já tentou uma transferência para outra APAC, em Nova Lima, no ano passado, mas o pedido foi negado, já que ele não possuía residência na cidade.
A defesa de Valério não se manifesta sobre os pedidos e termos de uma proposta de delação.