No dia 22 de junho de 2012 o então vereador presidente da Câmara, Sargento Francisco, no terceiro mandato no legislativo, assumiu o cargo de prefeito de Candeias depois da cassação pelo TRE – Tribunal Regional Eleitoral –, da ex-prefeita Maria Maia, de quem era aliado.
Ascendendo ao mais alto cargo do Executivo, falou em avanços (Candeias é uma cidade rica) e havia o compromisso de apoiar a então pré-candidata do PR, Tonha Magalhães.
Numa manobra com apoio de líderes políticos e empresários candeenses, ele desiste de dar o apoio a ex-prefeita, e se lança candidato no dia da convenção partidária do PMDB.
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Enfrenta a tudo e todos os processos porque a lei exige referendo do partido para a candidatura. Mantém, faz obras “emergenciais” como o pequeno estacionamento no Triângulo, Casa dos Taxistas, na Praça Dr. Gualberto, pinta passarelas e a rodoviária, e surge como a “mudança”.
Lança o slogan “Quem trabalha chegou”. Onde?
Vence a eleição derrotando a então favorita e começa o inverso do prometido na campanha.
Param as obras, contratos passam a não ser cumpridos, as obras das Casas da Vila Benedito são suspensas, e verdadeiramente se inicia a cara do desgoverno Francisco: O caos.
Elege 4 vereadores no grupo e passa a ter maioria dos 17. Hoje tem 14 que o apoiam incondicionalmente.
O desgaste se anuncia.
Projetos antipopulares como a redução dos ônibus universitários, criação de desnecessárias e excessivas de secretarias e subsecretarias, cargos e mais cargos para acomodar apadrinhados, inclusive, fantasmas, as escolas, os postos de saúde, as ruas, avenidas, prédios públicos denunciam o caos e o abandono.
Obras iniciadas não terminam. O viaduto da Nova Brasília, para uns virou uma ponte ou laje, é o símbolo do descaso com o erário e o cidadão.
Mais uma promessa não cumprida.
Irritados, em dezembro de 2015, moradores do distrito de Passé fecham a estrada – única entrada e saída do local – e a comitiva do Prefeito fica retida por mais de 3 horas.
Demonstrando que pouco se importaria com o que o povo pensa, e precisa, fechou a emergência e urgência do Posto Médico Luiz Viana, tradição tão antiga quanto a emancipação de Candeias. Até hoje moradores de baixa padecem quando precisam. Têm que se deslocar até o Hospital Ouro Negro, onde nem sempre tem médicos e remédios. Pagam táxi mesmo sem ter condições. Muitos são aconselhados a procurar a UPA ou unidades de saúde de cidades vizinhas ou Salvador. Sofrem com gozação e, às vezes, humilhados.
Depois de intensa chuva, em abril de 2015, a secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social, então tendo à frente a primeira-dama, hoje exonerada da Administração por ordem do MPE, leva quase 2 meses para atender as vítimas com agasalhos, “sacos básicos de alimentos” e aluguel social.
Um verdadeiro descaso de Neide Silva, primeira-dama, e a fiel escudeiro Janemárcia, hoje pré-candidata. Aí outra divisão. Zete, ex-mulher do prefeito, também pré-candidata. Tem apoio de Francisco.
Para piorar, a instabilidade administrativa faz uma verdadeira dança das cadeiras nas secretarias. A Sedas – que deveria cuidar das pessoas de baixa renda vira cabide eleitoral – teve 4 secretários; a Saúde caótica – 3; A Administração outros 3; a Educação um fiasco. Os concursos – obrigados pelo MPE – que o digam. Nenhum secretário funcionou. Não havia orçamento. Todo “dinheiro” no gabinete do “alcaide”. Contentavam-se os secretários apenas com os salários e indicações. Cinco, seis ou mais parentes e amigos. Foram criados 700 cargos em comissão. Gastou-se mais de R$ 60 milhões pra nada.
São várias as ações no MPE, MPF e CGU. Um dia a conta vai ser cobrada.
O triste retrato de Candeias hoje, a Cidade das Luzes
Trocavam-se posições e o time continuava fraco, incapaz e sem reação. Uma equipe de capitão conveniente ou incompetente.
Hoje, a cidade vive dias de transtornos: ruas e avenidas esburacadas, escolas sem reforma, postos de saúde quase abandonados e sem médicos, biblioteca, filarmônica, arquivo municipal em prédios depreciados.
Quem trabalhava entrou em férias e nada mais produziu.
Com a 7ª arrecadação dos 417 municípios da Bahia, a “indigestão” alega crise, mas esquece de dizer que de 2011 até agora a receita saiu de R$ 169 milhões para os quase R$ 276 milhões em 2015. Inveja, pelo menos, para 5 mil 500 municípios brasileiros.
A esfarrapada desculpa de crise não encontra ressonância.
Faltou seriedade. Advogados, contadores, assessores especiais em excesso. Um desperdício.
A rejeição popular beira os 90%. Um recorde “indesejável”.
Na Semana Evangélica um momento constrangedor: o pastor e deputado Lázaro anuncia o prefeito. Francisco é vaiado estrepitosamente pelos quase 3 mil religiosos. Fato inédito. Jamais visto no mundo religioso. Intriga de opositores, não. Tudo tem limite.
O dia 22 de junho entra para a história como um dos piores para a Cidade das Luzes. Era o começo da “estrada da vergonha”.
Os 2 mandatos – “verdadeira perda de R$ 1 bilhão” – não vão deixar saudades, Sargento. Candeias se sente traída, mas não esquecerá!
Yancey Cerqueira, Dr. h.c.
Radialista DRT/BA 006