No mês dedicado ao Combate da Violência contra a Mulher no Brasil – o Agosto Lilás -, uma das autoridades femininas mais respeitadas na Bahia, a delegada e ex-secretária estadual de Segurança Pública, Kátia Alves, comentou sobre a necessidade urgente de retomar os Serviços de Assistência à Mulher, que eram oferecidos há alguns anos na Delegacia Especializada em Assistência à Mulher (Deam) em todo o estado.
Ela explicou que as Deams foram extintas e substituídas pelas atuais Delegacias de Proteção às Mulheres, que não oferecem o acolhimento necessário. De acordo com a delegada de polícia há 38 anos, além da apuração do crime praticado pelo agressor e sua punição, a assistência contemplava também o suporte emocional à mulher e à sua família, com terapia individual e familiar para tratar o trauma causado pela violência.
Além disso, também envolvia tratamento para o agressor, que escolhe as suas vítimas a partir de um traço doentio de comportamento, causando sofrimento e transtornos à sociedade em geral. Segundo a especialista em Direito Penal e Processo Penal, “o que acontece em nosso entorno, impacta diretamente a nossa qualidade de vida”.
Esta é uma das bandeiras das quais, Kátia Alves, nunca abriu mão. Assim como a assistência ampla 24 horas às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar pelas delegacias especializadas, que é um dos projetos que ela pretende resgatar e aprovar na Câmara Municipal dos Vereadores da capital baiana, ela também deseja retomar o Programa de Assistência às Vítimas de Violência Sexual, prática que só aumenta no estado, com abusos contra crianças, adolescentes e mulheres que ocorrem no seu ciclo de convivência, pela ação de conhecidos como o pai, o tio, o avô, o padrasto e o vizinho.
Acolhimento da terceira idade
Outra necessidade da sociedade olhada com firmeza e sensibilidade pela especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é que hoje não existe mais uma rede de proteção aos idosos e seus cuidadores. “Precisa ser criada uma Casa do Idoso, onde ele poderia passar o dia, ter companhia e praticar exercícios”, sugeriu Kátia Alves.
Ela relatou que seria necessária também, nesse programa, a distribuição de medicações de uso contínuo para tratar os problemas de saúde deste público, inclusive de doenças mentais, depressão, problemas de Alzheimer, Parkinson, além de possibilitar-lhes um atendimento prioritário para exames, consultas e cirurgias aos idosos. Kátia pensa também nas alterações da vida da cuidadora, que normalmente é uma mulher. “As cuidadoras costumam ser filhas, netas, sobrinhas e noras do idoso, que abrem mão de sua carreira profissional e vida pessoal para cuidá-lo. E a gente sabe que o valor do Benefício de Prestação Continuada (BCP) não supre as necessidades deles”, refletiu ela.
Muito trabalho desenvolvido
Apaixonada pelo que faz, servidora pública há 41 anos, sendo 38 na Polícia Civil, revelou que gosta da política como um instrumento de transformação e mudança. A larga experiência como autoridade de Segurança Pública, com um olhar bem atento ao cometimento de diversos crimes contra a população na cidade, e um pensamento estratégico na área foram determinantes para a construção de uma sólida reputação de seriedade e trabalho voltado para a melhoria das condições de segurança pública e vida das pessoas nas cidades.
Quando foi Vereadora de Salvador, Kátia Alves apresentou 75 projetos de lei que foram aprovados por unanimidade para posterior análise e sanção do Chefe do Executivo Público Municipal. Confiante na sua caminhada vencedora até às urnas, a mestre em Administração de empresas (UFBA) tem como meta desenvolver um trabalho pela cidade como uma profissional de Segurança Pública na Câmara Municipal dos Vereadores e, com impacto direto na redução da violência na capital.
Como exemplo, o bloqueio das ações de explosões de caixas eletrônicos, com a determinação de uma mudança no dispositivo que libera as cédulas dos equipamentos, resultado de um projeto de sua autoria. “Como vereadora, eu posso fazer um projeto de lei propondo ao prefeito que seja criada uma rede de atendimento e acolhimento às pessoas da terceira idade, com atendimento prioritário na área de saúde”, exemplificou, além de fiscalizar a prestação dos serviços públicos municipais e do prefeito.
Ela acrescentou que é o vereador que pode resolver o problema da cidade e dos moradores, seja lixo, iluminação pública, um buraco de bala na porta, ou se a lâmpada da cidade está queimada. É a população que aciona o vereador, que tem poder de pleitear e solicitar uma solução pelo prefeito. Ela exemplifica: Denúncias de paredão e festas extremamente barulhentas em que a Polícia Militar é acionada, ela pode apenas pedir pra abaixar o som. Já a prefeitura pode inclusive cassar a licença de estabelecimento do município, e é o vereador é que vai propor isso ao prefeito.
Kátia Alves está concorrendo a uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador no pleito de 2024. E lembrou que o objetivo dela é lutar, vencer nas urnas e começar a trabalhar. A candidata fez estas declarações em entrevista ao programa Sociedade em Movimento, da Rádio Sociedade AM e FM, na capital.