As mudanças promovidas pela ministra Anielle Franco na pasta da Igualdade Racial desagradaram várias representações do movimento negro e das religiões de matriz africana. A gestão da ministra vem sendo questionada e as cobranças chegaram ao presidente Lula.
Uma carta com críticas à gestão do Ministério da Igualdade Racial foi enviada ao presidente por um grupo de dez entidades ligadas ao movimento negro nesta semana. O documento denuncia o “apagamento da participação social na elaboração da Política de Igualdade Racial e a eliminação da contribuição do movimento negro nessa política”.
Entre os signatários da carta estão a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, os Agentes de Pastoral Negros do Brasil e a Coordenação Nacional de Entidades Negras. Essas entidades fazem parte da articulação Convergência Negra, criada na Bahia.
Outro motivo das queixas seriam as demissões promovidas no ministério, sobretudo a do jornalista baiano Yuri Silva, ex-secretário do Sinapir (Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial), exonerado em 7 de outubro.
Queixas
Nas reclamações listadas pela Convergência Negra a Lula, destacam-se ainda os atrasos nos debates sobre a ampliação de cotas, na realização da 5ª Conferência Nacional de Igualdade Racial e na atualização do Plano Nacional de Igualdade Racial.
O movimento também reclama de falta de investimento em políticas para comunidades quilombolas e da ausência de uma comunicação antirracista. A carta pede a criação de uma mesa tripartite com o governo e com os movimentos sociais para corrigir o rumo das políticas raciais.
Além de Lula, o documento foi enviado ao vice-presidente Geraldo Alckmin e aos ministros Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
Entre as entidades que subscrevem o texto, estão a Secretaria Estadual de Combate ao Racismo do PT da Bahia e a Federação das Favelas do Estado do Rio de Janeiro.
Em nota, o Ministério da Igualdade Racial explicou que a data da Conferência Nacional da Igualdade Racial foi alterada “em vista da estruturação do ministério em seu primeiro ano” e para “garantir a realização das etapas municipais respeitando as regras eleitorais”.
O ministério também informou que o Plano de Comunicação Antirracista será lançado em novembro, “após diálogo com movimentos sociais, mídias negras e especialistas no tema”. Sobre as demissões, a pasta afirmou que a decisão é prerrogativa da ministra e que, nos casos recentes, “havia insatisfação com a condução da secretaria” e que “o processo foi conduzido da melhor forma possível, com diálogo e sugestão de apoio na transição”.
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