Apesar de considerar “aquém do potencial” o resultado da eleição em Salvador para o grupo do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o presidente municipal do Podemos, João Cláudio Bacelar, avalia que o partido teve um desempenho positivo na disputa por cadeiras na Câmara Municipal. Além do próprio João Cláudio, a sigla conseguiu a reeleição do vereador Randerson Leal, e acabou maior do que o PT na capital – os petistas conquistaram apenas uma vaga.
Nesta rápida entrevista ao Toda Bahia, o dirigente e vereador eleito diz ainda que o Podemos será independente na Câmara, ou seja, não fará oposição radical. Ele defende, inclusive, o diálogo com o prefeito Bruno Reis (União) nos temas de interesse da cidade.
João Cláudio também defende a recondução do vereador Carlos Muniz (PSDB) à presidência da Câmara no biênio 2025/2026 e descarta a filiação do pai, o deputado federal João Carlos Bacelar (PV), ao Podemos.
Confira a íntegra da entrevista.
O senhor esperava uma derrota tão acachapante do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) na disputa pela Prefeitura de Salvador?
Com certeza foi um resultado aquém do potencial do nosso grupo político. E isso refletiu no resultado também dos vereadores eleitos do nosso lado. Veja que o PT só elege um vereador, um desempenho considerado muito abaixo do esperado. O MDB, partido do candidato a prefeito, só elegeu um representante, o que também foi abaixo, assim como o PSB, que manteve o número atual. Então, com certeza não foi um resultado bom. Agora é olhar para a frente e aprender com os erros.
Apesar do resultado, o Podemos teve um bom desempenho, depois de todo o assédio que candidatos do partido receberam de aliados do prefeito Bruno Reis (União) com o objetivo de esvaziar a legenda, como aconteceu com o Solidariedade, que não elegeu nenhum representante. Pensa da mesma forma?
Apesar desse desempenho ruim da base do governo do Estado, aquém do nosso potencial, como falei antes, para nós do Podemos foi um resultado muito positivo, com certeza. Conseguimos a minha eleição e reelegemos o vereador Randerson Leal, mesmo enfrentando situações adversas, como você mencionou. Isso foi fruto de muito trabalho e dedicação para superar os impasses e obstáculos que encontramos pelo caminho.
Seu pai, o deputado federal João Carlos Bacelar (PV), que conhece bem a política de Salvador, ajudou para que o Podemos tivesse esse desempenho?
Ele contribuiu conosco, com a nossa equipe, e trabalhou com a gente na montagem da chapa, pois tem anos de experiência nessa questão de montar partido. Veja que o Podemos foi o primeiro partido a ter CNPJ para a eleição e a fazer convenção. Foi o primeiro a colocar material gráfico dos candidatos na rua. A experiência do nosso grupo e o empenho de Bacelar junto com a equipe ajudou bastante, bem como o diálogo que ele fez com nossos candidatos. Tivemos a confiança dos nossos candidatos, e Bacelar também ajudou nisso.
Existe possibilidade de o deputado Bacelar trocar o PV pelo Podemos?
Não houve essa conversa. Sei que é um desejo e um convite feito com recorrência pelo comando nacional do Podemos, mas Bacelar está bem no PV e tem uma boa relação com o comando do PV. Nessas eleições, ele fez prefeitos e vereadores pelo PV no interior. Então, até o momento não existe essa conversa de meu pai trocar de partido.
O senhor e seu pai sempre tiveram uma boa relação com o prefeito Bruno Reis (União). Isso pode facilitar as conversas entre o Podemos e o Executivo municipal na Câmara de Vereadores?
Veja, nosso líder político é o governador Jerônimo Rodrigues (PT), mas teremos diálogo com Bruno. A gente quer o melhor para a cidade. Se Bruno tiver bons projetos para a cidade, vamos apoiar esses projetos. O que a gente não concordar, votaremos contra. Discordaremos também pelo bem da cidade.
Então o Podemos vai integrar a oposição na Câmara, correto?
Seguiremos a orientação do governador. Somos da base do governador. Na Câmara, digo que teremos, com isso, uma posição de independência. O Podemos será independente na Câmara de Salvador.
O Podemos foi o primeiro partido da base de Jerônimo a declarar apoio à reeleição do vereador Carlos Muniz (PSDB) ao comando da Câmara Municipal, aliado de Bruno Reis. Por que?
Muniz é um amigo de longa data, desde a época do PTN, que hoje é o Podemos. O PTN foi o primeiro partido dele. Sempre teve uma boa relação comigo, com Bacelar, e já tem o apoio de mais de 30 vereadores. É um presidente que prega a independência da Casa, embora seja da base de Bruno. Ele valoriza seus pares. Então, é uma pessoa em quem confio, em quem o partido confia. Sei que ele vai me ajudar como vereador de primeiro mandato.
Em que áreas o senhor pretende atuar como vereador da capital?
Pretendo atuar principalmente nas áreas da educação, do turismo e da inclusão social. Trabalhar para que Salvador possa avançar nesses três setores. A cidade hoje enfrenta problemas sobre esses pontos que precisam ser enfrentados e pretendo dar a minha contribuição.
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