Em um discurso marcado por recordações, piadas e choro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se defendeu das denúncias apresentadas nesta quarta-feira (14), por promotores do MPF (Ministério Público Federal), que o apontam como “comandante máximo” de um esquema de corrupção envolvendo empreiteiras e a Petrobras, identificado pela Operação Lava Jato. O petista convocou uma coletiva nesta quinta-feira (15), em um hotel, na região central de São Paulo, para se defender das acusações.
O ex-presidente criticou a ação do MPF e chegou a fazer piada com a apresentação da denúncia.
— Como convocam uma coletiva, gastando dinheiro publico no hotel, sem ter provas, mas com convicção? Tinham provas que havia um helicóptero com 400 kg de cocaína, pegaram a cocaína, viram a cocaína, mas não tinha convicção. Ninguém respeita mais a lei nesse País do que eu, que acredita nas instituições. Vou prestar quantos depoimentos forem necessários.
E foi após essa fala que Lula se emocionou pela primeira vez durante o discurso.
— Conquistei o direito de andar com a cabeça erguida neste País.
Lula relembrou os tempos de sindicalista e como chegou até o mais alto cargo do executivo.
Ao falar da Lava Jato, o petista foi incisivo ao criticar os caminhos tomados pela operação e pediu respeito à sua família. Além disso, o político rechaçou os motivos que ele acredita que o levaram para a posição de acusado.
— Tenho consciência que meu fracasso teria agradado meus adversários. O que despertou a ira foi o sucesso do nosso governo. Mais de 70 milhões de brasileiros passaram a ter conta bancária. Durante 500 anos eles não acreditaram que era preciso investir na educação, porque eles poderiam estudar no exterior. Acumularam raiva e ódio. Ainda tivemos a petulância de eleger uma mulher presidente e a reelegemos. Aí eles endoidaram, será que esse Lula vai voltar? Inventaram uma mentira, tornaram ela verdade aos olhos da opinião pública.