Esquerda adota estratégia do boné para enfrentar nacional-populismo

Por Redação
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O governo de Lula tem se dedicado a desenvolver símbolos que evidenciem as contradições presentes no discurso nacionalista da direita bolsonarista. A mais recente iniciativa consiste em um boné azul que exibe a frase “O Brasil é dos brasileiros”, inspirado em um acessório similar utilizado no Canadá pelo primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, que traz a mensagem “O Canadá não está à venda”.

Essa estratégia emergiu como uma resposta à retórica protecionista do novo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos, e também atua como uma crítica direta a Jair Bolsonaro (PL), que ainda mantém uma proximidade ideológica com o ex-presidente americano. Essa proximidade, no entanto, pode resultar em consequências negativas para o Brasil, especialmente diante da iminente ameaça de aumento de tarifas sobre produtos brasileiros.

Elaborado pelos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação), o boné busca trazer à tona a contradição no discurso de Bolsonaro, que se apresenta como um defensor do nacionalismo, enquanto se alinha a políticas externas que podem prejudicar o país. “Encaixa como uma luva”, declarou o senador Randolfe Rodrigues (PT) em uma entrevista ao canal MyNews. “Acho que não é muito adequado ficar batendo palmas para país estrangeiro e esquecer dos nossos interesses”, completou.

Embora a criação do boné sirva como uma provocação à oposição, a estratégia também enfrentou críticas internas na própria esquerda. Alguns apoiadores do governo consideram que reforçar mensagens nacionalistas em um contexto global marcado pela ascensão de líderes populistas que exploram discursos anti-imigrantes, como Trump e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, pode ser um erro.

Por outro lado, o cientista político Daniel de Mendonça, professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), argumenta que Lula sempre esteve associado a elementos nacionalistas e que a adoção dessa abordagem pode, de fato, fortalecer o governo no debate público. Essa perspectiva sugere que, por meio de símbolos e mensagens que ressoam com os cidadãos, o governo pode estabelecer um diálogo mais eficaz com a população, ao mesmo tempo em que critica adversários políticos.

Assim, o uso do boné “O Brasil é dos brasileiros” como uma ferramenta de comunicação se revela uma jogada estratégica, que vai além de simples provocação, buscando sedimentar a imagem de Lula como defensor dos interesses nacionais numa arena política cada vez mais polarizada.

Com informações da Folha de S.Paulo. Clique aqui e leia a reportagem completa.

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