A vereadora Ireuda Silva (Republicanos), que preside a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara Municipal de Salvador, manifestou-se de forma firme e assertiva em relação à recente declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na última quarta-feira (12), Lula fez uma afirmação polêmica ao declarar que escolheu uma “mulher bonita” para se aproximar dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), referindo-se à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Durante uma sessão plenária realizada nesta terça-feira (18), Ireuda criticou a natureza da fala do presidente, ressaltando a luta constante das mulheres para conquistar espaços de decisão em diversas esferas, incluindo a política. Ela enfatizou a necessidade de que suas competências e habilidades sejam respeitadas, independentemente de sua aparência física. “Enfrentamos dificuldades consideráveis para ingressar nos espaços de decisão. A política não é uma exceção. Ninguém aqui, mesmo com a aparência considerada agradável, foi eleito apenas por isso. É algo bastante triste, especialmente vindo de um presidente, um homem cuja voz ecoa em toda a sociedade. Quando ouvimos uma afirmação dessa natureza, isso revela uma falta de preparo e um desrespeito profundo às mulheres”, afirmou a parlamentar.
A vereadora sublinhou que a luta das mulheres na política transcende a simples ocupação de cadeiras nos parlamentos. Trata-se de transformar a cultura política, de modo que o respeito e a valorização das mulheres sejam inegociáveis. “Se os homens se unirem a nós na luta contra a violência de gênero, seja ela perpetuada por um irmão, filho, marido ou um colega vereador, conseguiremos um impacto significativo. Não estamos aqui para promover discriminações, mas para reconhecer os erros e buscar a união”, acrescentou Ireuda.
Com um histórico de atuação comprometida na defesa dos direitos das mulheres e no combate ao machismo estrutural, Ireuda Silva reafirmou que declarações como a do presidente reforçam estereótipos ultrapassados, que desvalorizam a mulher, reduzindo-a a um objeto decorativo, em vez de reconhecê-la como uma líder política capaz e autônoma.
A fala de Lula gerou críticas de vários setores da sociedade e reacendeu o debate sobre o tratamento das mulheres nos espaços de poder. Ireuda reiterou que continuará a lutar para que as mulheres sejam valorizadas pelo que são e pelo que realizam, e não pela sua aparência. “Nossa luta não se limita à ocupação de cargos; buscamos transformar a mentalidade de quem ainda vê a mulher como meramente um enfeite. Não nos calaremos diante de retrocessos”, concluiu a vereadora.