Jaques Wagner rejeita proposta de acordo sobre projeto de anistia

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Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, afirmou categoricamente que não há espaço para negociações no que diz respeito à aprovação do projeto de lei que visa conceder anistia aos indivíduos envolvidos nos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023. A declaração foi feita durante uma entrevista ao jornal Valor Econômico na última segunda-feira (14). Nesse mesmo dia, um requerimento de urgência para análise da proposta foi protocolado na Câmara dos Deputados, contando com 262 assinaturas, um número que supera a maioria absoluta da Casa.

“Comigo não tem acordo. Eu sou contra o projeto da anistia em qualquer hipótese”, declarou o senador. Ele destacou que os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, representaram o maior atentado à democracia brasileira desde o fim da ditadura militar, em 1985. Para Wagner, a aprovação da anistia seria um sinal de que “a classe política pirou”.

Além disso, o senador enfatizou que sua posição contrária à proposta não se deve a considerações eleitorais relacionadas à possível elegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não estou preocupado com o projeto de anistia por conta do Bolsonaro, nem por conta de nenhum dos outros envolvidos. Estou preocupado com o contrato da democracia. A pergunta que faço é: se a casa de qualquer um for invadida e depredada, alguém vai pedir anistia ou vai pedir paciência? Depredaram três Casas aqui [na Praça dos Três Poderes], símbolos da democracia. Então, estou pouco me lixando se Bolsonaro vai ser ou não candidato em 2026. Há pessoas que acham até que ele é o melhor candidato para a gente derrotar”, avaliou o petista.

O projeto de anistia tem gerado intensas divisões no Congresso e mobilizado os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, que defendem a reabilitação política de aliados condenados pelos ataques de 8 de janeiro. Contudo, líderes do governo e uma parte significativa da oposição resistem à medida, argumentando que a sua aprovação fragilizaria as instituições e poderia incentivar novos atentados à ordem democrática. A discussão em torno do tema evidencia a complexidade do cenário político atual e ressalta a necessidade de preservar os pilares democráticos do país diante de ameaças que buscam desestabilizá-los.

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