O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, confirmou nesta terça-feira (13) a nomeação do CEO da petrolífera ExxonMobil, Rex Tillerson, como chefe da diplomacia americana. A escolha de Tillerson foi antecipada ontem à noite pela imprensa local. As informações são da Rádio França Internacional.
O cargo de secretário de Estado é o de maior prestígio no governo americano. A indicação de Tillerson preocupa políticos democratas e uma parte dos republicanos, tanto pela proximidade do executivo com o presidente russo, Vladimir Putin, quanto pelas suspeitas de ingerência da Rússia a favor de Trump na eleição presidencial americana.
Em um comunicado divulgado por sua equipe de transição, Trump justificou a escolha de Tillerson dizendo que “sua tenacidade, sua ampla experiência e sua compreensão profunda da geopolítica fazem dele uma excelente escolha para o posto de secretário de Estado. Ele irá favorecer a estabilidade regional e vai se concentrar nas questões essenciais para a segurança nacional dos Estados Unidos”.
Com a indicação de Tillerson a equipe do novo governo americano está quase completa. Trump deve designar ainda os secretários de Agricultura, Energia e de Assuntos para os Veteranos.
Perfil
Rex Tillerson, executivo do setor petroleiro, de 64 anos, dirige a Exxon Mobil desde 2011. Em cinco anos à frente da empresa, ele assinou onze contratos com a principal companhia russa do setor, a Rosneft. Em 2013, recebeu das mãos de Putin a Medalha da Ordem da Amizade.
Vários meios de comunicação americanos, incluindo os jornais The New York Times e Washington Post, além do canal NBC News, informaram ontem à noite que Trump havia escolhido Tillerson após uma busca prolongada. A lista de candidatos tinha de oito a nove nomes, incluindo o do ex-governador de Massachusetts e ex-candidato à presidência Mitt Romney, que ontem anunciou que não estava na disputa.
Ataques russos na campanha
Ontem, os líderes do Congresso e a Casa Branca se alinharam a favor de uma investigação sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial dos EUA com o objetivo de beneficiar Trump, apesar de o republicano negar essa hipótese. De acordo com a imprensa americana, a Agência Central de Inteligência (CIA) fez uma investigação e concluiu que a Rússia lançou ataques cibernéticos para ajudar na eleição de Trump, e não apenas para obstruir o desenvolvimento normal das eleições.
Além de políticos democratas, a investigação ganhou a adesão de dois pesos-pesados do Partido Republicano. O influente presidente da Câmara de Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), o republicano Paul Ryan, disse à imprensa que qualquer intervenção estrangeira nas eleições americanas é “completamente inaceitável. E toda intervenção da Rússia é particularmente problemática porque Putin é um agressor que busca afetar os interesses dos EUA”.
Já o presidente do bloco majoritário republicano no Senado, Mitch McConnell, disse em entrevista coletiva que “os russos não são nossos amigos. Tenho a mais alta confiança na comunidade de inteligência e especialmente na CIA”. Tanto Ryan quanto McConnell, no entanto, deixaram claro que se opõem à criação de uma “supercomissão” bicameral para apurar o assunto, como aconteceu com o escândalo de Watergate ou na época dos ataques de 11 de Setembro de 2001.
Outros dois influentes parlamentares republicanos − o ex-candidato à presidência John McCain e o senador Lindsey Graham − manifestaram apoio à ideia de realizar uma investigação bipartidária.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse na segunda-feira que a Presidência americana defende o papel do Congresso em situações como essa. “Você não precisa de acesso privilegiado para entender quem se beneficiou da maliciosa ciberatividade russa”, disse Earnest, lembrando que o presidente Barack Obama já ordenou à comunidade de inteligência que “reúna informação que possa ser apresentada ao Congresso”.