Os discursos na sessão especial realizada nesta segunda-feira (09), na Câmara Municipal de Salvador, foram marcados por pedidos de elucidação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março. Ela foi homenageada na Câmara Municipal de Salvador através de uma sessão especial de autoria dos vereadores Aladilce Souza (PCdoB) e Hilton Coelho (PSOL). O evento, intitulado “Marielle Franco e a luta em defesa dos direitos humanos”, ocorreu no Plenário Cosme de Farias.
Em seu discurso, a vereadora Aladilce Souza cobrou “justiça” e pontuou que “ocorre no Brasil um crescimento do autoritarismo e do fascismo. Segundo a parlamentar, “homenageamos hoje uma espetacular liderança política que lutava em defesa dos direitos humanos e contra a violência praticada pelo Estado”.
De acordo com Hilton Coelho, “é muita coincidência que depois de menos de duas semanas dela ter sido definida como relatora deste colegiado ocorra uma execução tão bem definida”. Ele acredita que “o assassinato de Marielle, ao meu ver, foi um recado para todos aqueles que se relacionam com as causas que ela defendia não terem dúvidas de que ela foi executada”.
O assassinato ocorreu dias depois da vereadora ter assumido a relatoria da comissão designada a acompanhar a intervenção militar no Rio de Janeiro.
Ângela Guimarães, representante da União dos Negros Pela Igualdade (Unegro), afirmou que “esta iniciativa é muito importante para registrar nas casas legislativas que há um brado contra o genocídio de mulheres negras. Ela também frisou que “estamos aqui para lutar por justiça para Marielle Franco”.
Prestigiaram a mesa do evento o vereador Sílvio Humberto (PSB), a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), Mônica Tereza Azeredo Benício, companheira de Marielle Franco, Julieta Palmeira, secretária estadual de Políticas Públicas Para as Mulheres, Marcos Mendes, representante do Instituto Búzios e Blenda Santos, coordenadora geral da Anistia Internacional em Salvador.
Perfil
Nascida no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, ela iniciou sua militância pelos direitos humanos em 2000, depois de uma de suas amigas ser atingida fatalmente por uma troca de tiros entre policiais e traficantes na comunidade onde residia.
Graduada em Ciências Socais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), também concluiu um mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Atuou ainda como assessora parlamentar do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Em 2016 foi eleita vereadora pela cidade do Rio de Janeiro através de uma coligação formada pelo PSOL e PCB. Teve mais de 46 mil votos e foi a quinta candidata mais votada no município.
De acordo com o ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Robson Rodrigues, “Marielle era corajosa; lutava a favor das minorias, mas principalmente contra a estupidez das mortes desnecessárias que têm endereços e destinatários certos”.