Um racha político instalado dentro da Polícia Federal do Paraná resultou ontem no pedido de transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que cumpra pena em uma prisão militar. Delegados ouvidos pelo Destak apontam que na Polícia paranaense, a divisão é forte entre os que defendem a prisão do ex-presidente Lula e os que são contra a detenção. O pedido de transferência de Lula foi feito pelo
delegado Algacir Mikalovski, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal.
O delegado, que já concorreu em pelo menos três eleições aos cargos de deputado estadual e vereador, é atualmente próximo ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), pré-candidato à Presidência. Inclusive, há uma foto de Bolsonaro na página do delegado em uma rede social.
O policial esteve no último sábado (7), na frente da sede da Polícia Federal, em Curitiba, durante a chegada do ex-presidente Lula ao local. Enquanto o helicóptero que trazia o petista pousava, o delegado e outros cantavam “Lula ladrão”. O delegado também participou de protestos contra Dilma Rousseff.
Confusão jurídica no STF adia expectativas da defesa em libertar Lula Ontem pela manhã, Mikalovski afirmou que a transferência era uma questão de “segurança”. No documento entregue à superintendência, a entidade argumentou que o político fique preso em um local onde não traga ‘’transtornos e riscos à população e aos funcionários da corporação’’. Como sugestão, eles pedem que o político vá para uma unidade das Forças Armadas. “A região não tem as mínimas condições de receber esse apenado”, afirmou.
Além de abrigar o ex-presidente e outros presos, o local atende centenas de pessoas que buscam emitir passaportes, entre outros.
Ato político
A Federação Nacional dos Policiais Federais se manifestou contra a transferência. Para o presidente da entidade, Luís Antônio Boudens, o pedido é político. “O propósito dessa remoção não é com a segurança dos policiais ou a sociedade do local. Tem cunho político”, disse ele, que completou: “Esse delegado é candidato”.
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR) também criticou o pedido. “Qualquer situação envolvendo o presidente Lula, inclusive de transferência, só será feita com negociação detalhada e responsável com os representantes jurídicos”.
por Iara Lemos