Bolsonaro afirma que se Macron “retirar insultos”, ele aceita ajuda do G7

Por Redação
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Foto: Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (27) que aceita a ajuda de 20 milhões de euros (cerca de R$ 91 milhões) dos países do G7 para combater queimadas na Amazônia, mas para isso o presidente da França, Emmanuel Macron, terá de “retirar insultos” contra ele e contra o Brasil.

Bolsonaro disse que Macron o chamou de “mentiroso” e ameaçou a soberania da Amazônia ao falar sobre a definição de um “status internacional” da Amazônia. Bolsonaro foi questionado sobre o motivo de o país não aceitar a ajuda oferecida pelo G7, conforme disseram o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e a assessoria do Planalto. “Eu falei isso? Eu falei? Jair Bolsonaro falou?”, indagou Bolsonaro.

Os jornalistas presentes no Palácio da Alvorada citaram que Onyx e o próprio Planalto disseram que o governo brasileiro não aceitaria o auxílio financeiro. Bolsonaro, então, apresentou condições para conversar sobre o tema. “Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que fez à minha pessoa. Primeiro, me chamou de mentiroso. E depois, informações que eu tive, de que a nossa soberania está em aberto na Amazônia”, declarou Bolsonaro.

E seguiu: “Para conversar ou aceitar qualquer coisa da França, que seja das melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras e daí a gente pode conversar”, acrescentou.

Um dos jornalistas insistiu no assunto, ao perguntar que, se Macron retirasse os comentários sobre a internacionalização da Amazônia, o Brasil poderia aceitar o dinheiro. “Primeiro ele retira, depois ele oferece, daí eu respondo”, disse o presidente.

Os líderes Macron e Bolsonaro trocam críticas desde a semana, quando teve início a crise diplomática entre França e Brasil provocada pela alta das queimadas na Amazônia. Como resposta às críticas recebidas por líderes estrangeiros, sociedade civil e celebridades, Jair Bolsonaro autorizou o uso das Forças Armadas no combate aos incêndios nos nove estados da Amazônia Legal.

Status internacional da Amazônia
O presidente Bolsonaro tem afirmado que países estrangeiros têm interesse na Amazônia em razão das riquezas da região e que o Brasil deve preservar sua soberania no local. Durante a reunião da cúpula do G7, Macron foi questionado sobre a possibilidade de um status internacional para a Amazônia, que pode ser o caso se um “Estado soberano” tomar de “maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta”. “A verdade é que associações, ONGs e atores internacionais, inclusive jurídicos, questionaram em diversos anos se era possível definir um status internacional para a Amazônia”, afirmou Macron.

Na França, a palavra que Macron usou, “statut”, tem dois significados, e isso gerou confusão na imprensa internacional e até mesmo na França. Alguns jornalistas entenderam que o presidente francês estava propondo definir “um status internacional para a Amazônia”; outros entenderam que era “um estatuto internacional para a Amazônia”, que seria um marco regulatório definindo regras para proteger a floresta, conforme aponta o G1.

Logo depois de falar sobre isso, Macron prosseguiu: “Isso não está na discussão das iniciativas apresentadas hoje. É realmente uma questão que se colocaria: [e] se um Estado soberano tomasse de maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta? Então, aí haveria todo um trabalho jurídico e político a ser feito, mas creio poder dizer que as conversas que o presidente [do Chile] Sebastián Piñera teve com o presidente Jair Bolsonaro não vão nesse sentido”.

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