O governador Rui Costa classificou como “inaceitável” a saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, por não aceitar “orientações médicas de um presidente que nada entende de Saúde”, se referindo ao possível motivo da saída do agora ex-ministro. Segundo informações de bastidores, Teich pediu exoneração por não aceitar a recomendação do presidente Jair Bolsonaro em relação ao uso da cloroquina para infectados pela Covid-19.
“Inaceitável. Plena #pandemia, em 30 dias, dois ministros da Saúde demitidos por não aceitarem seguir as orientações médicas de um presidente que nada entende de Saúde. O país exige respeito à vida, à medicina e à ciência”, ressaltou Costa em uma rede social.
O prefeito de Salvador, ACM Neto, afirmou que saída do ministro da Saúde é “inacreditável”, e pontuou que decisões políticas não podem prevalecer sobre a ciência. “A política não pode prevalecer sobre a ciência quando se trata da vida dos brasileiros”, afirmou o chefe do executivo de Salvador.
O prefeito afirma que saída de Teich dificulta ainda mais a relação do governo federal com a cidade, e cita a dificuldade que Salvador está tendo para obter leitos de UTI habilitados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Salvador ainda não teve os seus leitos de UTI habilitados. Até agora todas as despesas estão sendo arcadas com recursos municipais. Essa descontinuidade administrativa é muito ruim e prejudicial. A saída do ministro Nelson Teich dificulta ainda mais a relação com o governo federal para o enfrentamento ao coronavírus”, lamentou Neto.
Senadores se manifestam
O senador da Bahia, Otto Alencar (PSD), afirmou ao site O Antagonista que Bolsonaro é “despreparado” e “psicótico”. O senador baiano classificou Nelson Teich como “um homem de bem, honrado, digno, com altivez”, e pontuou que quem aceita “ser ministro de Bolsonaro é fraco”.
“Precisamos urgentemente de um bom psiquiatra para equilibrar o Bolsonaro. Desculpa, mas o Brasil não merecia isso. Ele não vai mudar, não vai mudar. Ele quer enquadrar os protocolos da saúde à caserna, a saúde vai ter que ser enquadrada ao quartel”, ironizou Alencar ao site de notícias.
O senador Jaques Wagner (PT) também usou uma rede social para classificar como “estranho” a entrada de “um médico sério” no Ministério da Saúde do Governo Bolsonaro.
“Eu não estranho a saída. Estranho é um médico sério ter entrado neste Ministério”, afirmou o senador petista.
Já o senador Angelo Coronel (PSD) exaltou a atitude do agora ex-ministro da Saúde Nelson Teich ao entregar o cargo e pontuou que espera que o novo ministro não se “renda aos caprichos do presidente”.
“O copo está enchendo próximo a transbordar. Espero que o próximo siga o exemplo e não se renda aos caprichos do presidente. Lealdade é louvável mas subserviência é covardia”, desabafou o senador baiano do PSD em uma rede social.
Coronel também reclamou do presidente e pediu que o vice-presidente, Hamilton Mourão, converse com ele para evitar polêmicas.
“O vice Mourão disse que precisamos de entendimento entre os poderes. Será que ele já conversou com o PR? Todas as querelas e polêmicas tem sido geradas pelo executivo”, lamentou Coronel.