O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) xingou a repórter do Grupo Aratu, Driele Veiga, durante sua passagem na Bahia. Na manhã desta segunda-feira (26/4), ele participou da inauguração da duplicação de parte da BR-101, no município de Conceição do Jacuípe, a 95 km de Salvador.
Ao ser perguntado sobre o motivo de posar com uma placa “CPF cancelado” enquanto o país bate recordes de mortes pela Covid-19, o chefe do Executivo chamou a jornalista de “idiota”.
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Por meio de nota, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia condenou o ato. Confira abaixo na íntegra:
O Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia) lamenta mais uma vez ter que emitir nota para criticar o comportamento do presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas não pode deixar de manifestar seu repúdio ao xingamento proferido por ele contra a jornalista Driele Veiga, da TV Aratu, chamada de “idiota” somente por estar exercendo seu ofício que é entrevistar aquele investido em cargo público.
Durante a inauguração de um trecho da BR-101, na Bahia, na manhã desta segunda (26), a repórter perguntou ao presidente sobre uma postagem feita por ele na qual aparece segurando uma placa com a expressão CPF CANCELADO, frase normalmente utilizada por bandidos e/ou agentes de segurança (que não compreendem seu papel público) para se referir a quem morreu em confrontos.
O xingamento, na opinião do presidente da entidade, Moacy Neves, revela o traço imaturo e autoritário de Bolsonaro, que não consegue conviver com a crítica, com o contraditório, com a diferença e nem com a obrigação de conceder entrevistas e responder às perguntas dos jornalistas, principalmente se do outro lado estiver uma mulher. “É comum que pessoas imaturas e políticos autoritários ajam com grosseria, falta de educação e violência quando confrontados com seus erros e irresponsabilidades, aumentando o grau de irracionalidade quando se tratar de um homem e do outro lado estiverem as mulheres”, diz ele.
Para Moacy, o presidente Jair Bolsonaro mostra ser totalmente despreparado para exercer cargo público. “A maior autoridade do país não pode incentivar desrespeito aos direitos humanos e nem agir com grosseria com a imprensa, que é os olhos e a forma de comunicação entre os poderes e a sociedade”, diz o sindicalista. Este fato soma-se a centenas de outros ocorridos ao longo de pouco mais de dois anos de mandato, marcados por agressões dele e de seus seguidores aos profissionais do jornalismo e radialismo.
O Sinjorba solidariza-se com a jornalista Driele Veiga e conclama a categoria a se unir em torno da entidade para reagirmos com vigor diante dos abusos de algumas autoridades e seus seguidores contra a imprensa. “Mais do que nunca precisamos defender a democracia brasileira, ameaçada por títeres e viúvas da ditadura militar, que usam leis anacrônicas e os cargos que ocupam para intimidar o exercício da liberdade de imprensa e o ofício de seus trabalhadores”, conclui Moacy Neves.
OUTRAS AFIRMAÇÕES
Durante a mesma coletiva de imprensa, Bolsonaro deixou um recado para o governador da Bahia, Rui Costa (PT). “Não estiquem a corda mais do que está esticada”, disse, ao ser questionado sobre o uso das Forças Armadas para acabar com as restrições de enfrentamento à pandemia da Covid no estado.
“As Forças Armadas estão aí para garantir a lei e a ordem, estão ferindo o Artigo 5º da Constituição Federal, ou não? Estão ferindo o direito da pessoa ter emprego, de exercitar a sua fé, é só ver se isso tá sendo desrespeitado ou não, é inconcebível o que alguns governadores e prefeitoso têm feito”, disse o presidente à repórter Driele Veiga.
Ainda de acordo com Bolsonaro, as eleições de 2022 ainda não têm o preocupado. “Não estou preocupado com 22, é outra história, a Bahia que vai escolher seus representantes. Não estou preocupado com Lula, minha preocupação é com o Brasil, mas se alguém for votar em alguém com passado do Lula, é porque não entende nada de política”.