Vinte e quatro dos 27 governadores do Brasil devem reunir-se hoje em Brasília para um ato em defesa da democracia e do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo o chefe do executivo paulista João Doria, o encontro foi articulado em parceria com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena o grupo dos 24 mandatários estaduais.
Doria não informou quais seriam os três ausentes à reunião desta segunda. A reunião acontece em virtude do aprofundamento da crise entre os Poderes.
“Nunca o Brasil foi tão ameaçado como agora”, afirmou Doria, em evento no Rio de Janeiro para angariar apoio para as prévias da eleição que definirá o candidato do PSDB à Presidência da República em 2022. O nome do partido para a disputa será escolhido em novembro.
“Não vamos tratar de pandemia, vamos tratar de democracia. Os governadores que se sentirem à vontade em se manifestar vão também defender o Supremo Tribunal Federal e condenar qualquer flerte com o autoritarismo e iniciativas autoritárias no país”, afirmou o governador.
Na última sexta-feira, 20, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviou ao Senado Federal pedido de impeachment do ministro do Supremo Alexandre Moraes, que coordena investigações sobre atos antidemocráticos.
Nota de repúdio
O pedido foi entregue no dia em que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços de dois apoiadores do presidente, o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ). As medidas foram solicitadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e autorizadas por Moraes.
O pedido de impeachment gerou como resposta uma nota de repúdio do próprio STF e aprofundou o clima de ruptura entre os Poderes. A corte disse que “manifesta total confiança” em Moraes e que “o Estado democrático de Direito não tolera que um magistrado seja acusado por suas decisões, uma vez que devem ser questionadas nas vias recursais próprias, obedecido o devido processo legal”.
Doria disse que o encontro dos governadores ganha relevância diante da proximidade com as celebrações do 7 de Setembro, quando bolsonaristas planejam sair às ruas em defesa do presidente e contra o STF.
“Há sinais de que, por conta do 7 de Setembro, movimentos sejam promovidos por bolsonaristas e bolsominions para defender o regime autoritário no país. E nós, governadores, resistiremos”, afirmou. “As manifestações são soberanas, desde que sejam pacíficas, dentro também dos limites que cada Estado estabelecer. Sem rasgar a Constituição, sem atentar contra ela e contra a vida”.
Segundo Doria, a reunião deve ter também um ato em defesa do meio ambiente, sugestão do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), com quem o governador paulista jantou nessa sexta-feira. “Será um consórcio pró meio ambiente, chamado de Brasil Verde”, afirmou.
Antes do evento de campanha, realizado na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Doria se reuniu com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM) e seu secretariado.