Indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-advogado-geral da União André Mendonça disse a uma pessoa próxima nesta quinta-feira que a chance de desistir da candidatura à Corte é “zero vezes zero”. O ex-ministro está prestes a completar dois meses na fila de espera da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado. O colegiado é presidido por Davi Alcolumbre (DEM-AP), que tem travado o processo da indicação por insatisfação com o presidente Jair Bolsonaro.
Para chegar ao Supremo, Mendonça conta com o apoio de lideranças evangélicas que se reuniram ontem com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e com o presidente Jair Bolsonaro. Nesta quinta-feira, Pacheco afirmou que vai conversar com Alcolumbre para marcar a data da sabatina do ex-advogado-geral da União na CCJ.
— Recebi (quarta-feira) líderes evangélicos de todo o país, com senadores da bancada evangélica. Trataram a respeito da indicação do ministro André Mendonca. Acho que estamos num bom caminho para exaurir esse assunto com a sabatina do ministro André Mendonca. Conversarei com o presidente Davi Alcolumbre, obviamente respeitando a autoridade dele como presidente da CCJ, mas sempre faremos a ponderação do melhor caminho, de consenso, para poder resolvermos essa questão.
Indagado sobre a resistência de Alcolumbre em pautar a indicação de Mendonça, Pacheco, aliado do presidente da CCJ, alegou desconhecer o motivo.
— Desconheço a razão pela qual ainda não foi feita a sabatina. Podem ser muitas. Inclusive o fato de que envolve esforço concentrado, a presença em Brasília. Vamos fazer o arranjo necessário para resolver não só essa indicação mas tantas outras que estão pendentes — disse Pacheco, ressaltando que também precisam ser votados nomes ao Conselho Nacional de Justiça e ao Ministério Público Federal.
Cabe exclusivamente a Alcolumbre definir a data para a avaliação na CCJ do nome de Mendonça. O senador, porém, tem demonstrado resistência em dar andamento ao processo de indicação de Mendonça. Nos bastidores, o parlamentar não esconde a preferência pelo atual procurador-geral da República, Augusto Aras, para a vaga ao STF.
Além disso, Alcolumbre disse a aliados que está contrariado com Bolsonaro por ter perdido o controle de emendas destinadas a parlamentares, como mostrou O GLOBO. Em reunião recente no Palácio do Planalto com o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da República, o presidente da CCJ projetou que Mendonça poderia ser derrotado na votação do plenário.
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