Uma ala de integrantes do União Brasil está trabalhando para tirar o pré-candidato à Presidência Sergio Moro do Podemos e levá-lo ao novo partido que nasce da fusão entre PSL e DEM. No entanto, de acordo com informações da apresentadora da CNN Daniela Lima, a filiação do ex-juiz não encontra consenso na sigla.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve homologar a criação do União Brasil na próxima terça-feira (8), validando o surgimento do partido que irá contar com a maior verba de recursos públicos para financiamento de campanha do fundo eleitoral. Além disso, a legenda irá contar com um valioso tempo de propaganda em televisão.
A sigla conta com uma ala considerada de “bolsonaristas desencantados”, que se elegeram na esteira de Jair Bolsonaro (PL) mas acabaram se decepcionando com o governo e desembarcando do apoio ao presidente. Esses integrantes estariam tentando fazer com que Moro se filie ao União Brasil.
No entanto, a decisão de qual candidato contará com o apoio do partido na disputa presidencial precisa da aprovação de pelo menos 60% da direção nacional. Atualmente, a bancada do PSL representa 51% dessa fatia, enquanto o DEM soma 49%.
Dessa forma, o grupo presidido por Luciano Bivar (PSL) precisaria conquistar pelo menos 9% dos partidários do DEM. Segundo informações obtidas por Daniela Lima, esse movimento não irá acontecer. Isso porque o presidente do DEM, ACM Neto, tem muita influência sobre o partido e não interessa para ele estar vinculado a uma candidatura presidencial de Sergio Moro.
Diante deste cenário, o mais provável é que se libere o União Brasil para apoiar regionalmente quem quiser, mas que nenhuma campanha seja feita oficialmente nem esteja no palanque de nenhum candidato à Presidência.
De acordo com informações da analista de política da CNN Renata Agostini, o comprometimento com uma agenda nacional não interessa a ACM Neto na Bahia, Ronaldo Caiado em Goiás nem a Mauro Mendes no Mato Grosso — todos filiados ao DEM.
O entendimento é de que tudo bem haver uma aliança, contudo, os palanques regionais precisam estar liberados.
Já a campanha de Moro está focada em organizar internamente a estrutura da candidatura, já que um impasse com o pré-candidato do PSDB, João Doria, pode acontecer diante da aproximação das eleições.
Desse impasse surgiu a possibilidade do partido apoiar a candidatura presidencial de Simone Tebet, do MDB, que pode ter uma maior simpatia dos membros do União Brasil do que tem Sergio Moro.
Moro na mira do TCU
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL) vem sendo alvo de um cerco do Tribunal de Contas da União (TCU). O Ministério Público junto ao TCU está verificando todos os contratos de empreiteiras que foram investigadas na Operação Lava Jato, condenadas por Moro e eventualmente contrataram consultorias que podem ter tido influência ou efetivamente a participação do ex-juiz em seus quadros.
Moro entrou com um pedido protocolado no TCU alegando ser alvo de abuso de poder para tentar travar essas ações em andamento no Tribunal. De acordo com Renata Agostini, as investigações sobre a participação do ex-ministro na iniciativa privada estão atrapalhando sua candidatura presidencial.
O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, reagiu às críticas de Moro e afirmou que “ninguém pode ficar acima da lei”.
Furtado já chegou a pedir um relatório mais robusto sobre as atividades da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal, que contratou Moro após sua demissão do cargo de ministro do governo Bolsonaro e que prestou serviços de recuperação judicial para a Odebrecht e outras companhias afetadas pela Operação Lava Jato.
O pré-candidato à Presidência pelo Podemos chegou a divulgar que recebeu US$ 45 mil mensais (US$ 24 mil com os descontos) — R$ 241 mil e R$ 128 mil respectivamente, na atual cotação — da consultoria pelo período de trabalho de um ano.