Nome forte do Partido dos Trabalhadores (PT) na região Nordeste e homem de confiança do ex-presidente Lula, o Senador Jaques Wagner, surpreendeu o seu eleitorado e anunciou desistência na disputa eleitoral para o Governo da Bahia em outubro deste ano. A decisão foi divulgada ontem (28), em reunião extraordinária com a presença dos líderes da sigla, além de parlamentares e prefeitos.
“A retirada da minha candidatura não implica na retirada da candidatura do PT. Quem decidirá se terá candidatura ou não, não sou eu, será o Partido”, afirmou Wagner.
O recuo de Wagner não foi visto com bons olhos pelos seus correlegionários, e até mesmo pelo presidente estadual do PT, Éden Valadares, que pretende consultar a base.
“É claro que respeitamos a decisão do companheiro Wagner, mas não a recebemos com alegria. Nossas instâncias se reunirão intensamente nos próximos dias para atualizar nossa posição. Nossa decisão será fruto do debate interno, mas também do imprescindível diálogo com os demais partidos e lideranças da base, como Otto, Leão, Lídice e PCdoB”, disse.
De acordo com fontes ligadas ao Sociedade Online, que percorrem os corredores de Brasília, o motivo da desistência do Senador Jaques Wagner, não se deve ao resultado das últimas pesquisas – que mostram a liderança do pré-candidato ACM Neto (União Brasil) na intenção de votos ao governo do Estado – mas, à aliança que está sendo forjada nos bastidores, nacionalmente, entre Lula, que visa o retorno ao Palácio do Planalto, e Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, partido dos senadores baianos Otto Alencar e Ângelo Coronel.
A negociação envolveria o lançamento de Otto Alencar na disputa ao governo, enquanto o PSD abriria mão da disputa ao Senado, que ficaria com o PT. Em troca, Kassab selaria apoio à candidatura de Lula à presidência da República.
O que está em primeiro plano é a “musculatura” acumulada pelo PSD, liderado por Gilberto Kassab, que teve a terceira maior vitória em prefeituras na eleição de 2020. Em todo o Brasil, o partido passou de 539 para 655 prefeituras em quatro anos, um aumento de 116 cidades, principalmente no Sul, no Nordeste e no Norte. Na Bahia, o partido de Otto Alencar foi o que mais elegeu prefeitos nas eleições de 2020. A legenda conquistou 105 prefeituras, 24 a mais em comparação à eleição de 2016, quando 81 psdistas assumiram o Executivo municipal. A segunda melhor performance ficou com o PP, comandado pelo vice-governador João Leão, que conseguiu eleger 81 prefeitos. O DEM, então sigla de ACM Neto, elegeu 37 prefeitos.