Debate à presidência do Brasil reúne seis candidatos; veja como foi

Por Redação
22 Min
Debate reúne presidenciáveis na Band (Foto: Reprodução/Youtube]

Seis candidatos à presidência do Brasil participaram, na noite deste domingo (28), do debate da disputa eleitoral realizado pela TV Bandeirantes, em São Paulo. Todos os candidatos convidados compareceram ao debate.

O evento, que começou às 21h, foi organizado pelo grupo Bandeirantes, Folha de São Paulo, Uol e TV Cultura.

Estiveram presentes nos estúdios da emissora: Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D’Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Inicialmente, o sorteio havia definido que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro (PL) ficariam lado a lado no estúdio. No início da noite deste domingo, a organização do evento mudou a posição dos dois.

O debate foi divido em três blocos:

Primeiro bloco: o debate começou com todos os candidatos respondendo perguntas sobre os programas de governo. Cada um dos seis presidenciáveis convidados teve um minuto e meio para responder. Será uma mesma pergunta para cada dois candidatos. A ordem seguiu sorteio prévio realizado com assessores dos candidatos.

Depois, os candidatos puderam questionar os adversários. Também por ordem de sorteio, cada candidato teve um minuto para fazer a pergunta ao adversário escolhido. O candidato que respondeu teve até 4 minutos para administrar entre a resposta e a tréplica. Aquele que perguntou teve mais um minuto para a réplica. Todos perguntaram e todos responderam.

Segundo bloco: seis jornalistas das empresas que organizam o debate fizeram perguntas para os candidatos e escolheram quem deve comentar. Foi um minuto para a pergunta e um minuto para o comentário.

O candidato que respondeu também teve 4 minutos para dividir entre resposta e réplica. Todos responderam e todos comentaram. Os jornalistas Eduardo Oinegue e Adriana Araújo, ambos da Band, foram os mediadores nos dois primeiros blocos.

Terceiro bloco: o terceiro e último bloco foi um novo confronto direto entre os candidatos mediado pelos jornalistas Fabíola Cidral, do UOL, e Leão Serva, da TV Cultura. Foi um minuto para a pergunta, outro para a réplica e quatro minutos administrados entre resposta e tréplica.

Na sequência, mais uma série de perguntas programáticas para todos os candidatos, também em ordem sorteada, com um minuto para a resposta. Foi uma pergunta para cada dois candidatos. Logo após, cada candidato teve dois minutos para fazer as considerações finais, em ordem invertida ao início do debate.

Primeiro bloco

O primeiro a responder à pergunta do primeiro bloco foi Luiz Felipe D’Avila (Novo) e, na sequência, a candidata Soraya Thronicke (União Brasil). A pergunta foi sobre o programa de transferência de renda e economia.

Luiz Felipe D’Avila falou sobre corte de gastos. “Realmente esse é o maior problema. A economia brasileira está estagnada há mais de 20 anos. O Brasil não cresce, não aumenta geração de emprego e renda. E nós temos de conciliar sim com os gastos públicos. Mas para fazer isso, é preciso cortar desperdícios da máquina pública, tem muito dinheiro sendo desperdiçados”.

Soraya Thronicke trouxe a proposta de um imposto único federal. “Eu acho que é muito chato ficar escutando aqui ‘jurisdiquês e economês”. Eu não vim para brigar com ninguém, não vim para duelar, eu vim para falar com você na língua que todos os brasileiros entendem. Nós temos uma solução para o nosso país. É o imposto único federal. Nós trocaremos 11 impostos federais por um imposto só”.

Simone Tebet foi questionada sobre a paz entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. “A resposta é: precisamos trocar o presidente da república. Sem paz, nós não vamos unir o Brasil. Sem união, o Brasil não vai voltar a crescer, gerar emprego, renda para a população brasileira. A nossa candidatura, a candidatura do centro democrático, do MDB, do PSDB, do Cidadania e do Podemos é uma candidatura que vai reposicionar o Brasil porque é a única capaz de garantir a credibilidade, previsibilidade e segurança jurídica”.

Jair Bolsonaro respondeu a mesma pergunta sobre os poderes. “Assumi a presidência, escolhi os meus ministros pelos critérios técnicos, sem ingerência política. Isso causou um desconforto por parte de alguns políticos e por parte de alguns partidos, como o MDB, por exemplo. Então, eu abalei a harmonia onde todos eram amiguinhos e, obviamente, dava uma banana para o povo brasileiro”.

A pergunta para Lula e Ciro Gomes foi relacionada à educação durante a pandemia. Lula falou sobre a falta de informação do MEC a respeito das crianças que estão atrasadas no processo de aprendizado.

“A primeira coisa que eu vou fazer, se ganhar as eleições, é logo no começo de janeiro convocar uma reunião com todos os governadores de estado, convocar uma reunião com todos os prefeitos das capitais, num primeiro momento, para que a gente possa fazer um pacto de fazer uma verdadeira guerra contra o atraso educacional que a pandemia deixou e quanto ao atraso educacional que outras situações pelo corte de dinheiro que houve na educação”.

Ciro Gomes destacou a educação no Ceará, que tem os melhores índices nacionais. “O Ceará tem hoje a melhor educação pública do Brasil, e eu modestamente ajudei a produzir isso. Nós temos todos os indicadores de avaliação, 79 das 100 melhores escolas públicas do Brasil, e já estamos encaminhando uma equação para esse prejuízo grave que a pandemia causou entre a comunidade escolar”.

Demais blocos

No segundo bloco, os candidatos ouviram e responderam perguntas de jornalistas do grupo Bandeirantes, sobre programas de transferência de renda, cobertura vacinal, entre outros assuntos.

O terceiro bloco contou com embates diretos entre os candidatos. O primeiro a perguntar foi a candidata Simone Tebet, que questionou o candidato Jair Bolsonaro sobre a relação do presidente com as mulheres.

Soraya Thronicke questionou o candidato Luiz Inácio Lula da Silva sobre propostas para inflação, desemprego e impostos. Por fim, o postulante do PDT, Ciro Gomes, perguntou ao candidato Luiz Felipe D’Avila sobre a política de juros do Brasil e refinanciamento de dívidas no SPC.

Na sequência, Jair Bolsonaro questionou o candidato Ciro Gomes sobre programas relacionados à defesa da mulher. Lula questionou a candidata Simone Tebet a respeito da CPI da Covid-19 e corrupção na compra das vacinas.

Por fim, o candidato Bolsonaro teve concedido o primeiro direito de resposta e falou sobre orçamento secreto. A última pergunta foi do candidato Luiz Felipe D’Avila para Soraya Thronicke sobre o fundo eleitoral.

Ainda no terceiro bloco, os candidatos responderam perguntas de jornalistas. Ciro Gomes e Soraya Thronicke foram questionados sobre os decretos voltados para o armamento. Lula e Simone Tebet falaram sobre a política de valorização feminina, como a ocupação de ministérios por mulheres nos governos.

A última rodada de perguntas foi sobre a violência contra a mulher, como estupros e feminicídios que têm crescido no país. Luiz Felipe D’Avila e Jair Bolsonaro foram os candidatos que responderam o questionamento.

Considerações finais

Ciro Gomes (PDT)

“Eu quero agradecer, antes de mais nada, a você, meu irmão, minha irmã, que ficaram até essa hora, muitos não tinham sequer condição de ficar porque têm que ir para a batalha da vida, e eu preciso agradecer a você. É assim que vamos achar juntos a saída para a mais profunda, grave, complexa e renitente crise econômica da nossa história. Quero agradecer aos ilustres opositores, a oportunidade de debater e aprender consigo, e dizer a cada um e a cada uma de vocês, a minha luta não é contra nenhum deles pessoalmente. Por mais que a gente tenha que explicar as nossas diferenças, a minha luta é contra um modelo econômico, que é o mesmo rigorosamente há 25, 30 anos no Brasil, que montou uma máquina perversa de transferir renda de quem produz e de quem trabalha, de você para o setor financeiro. É uma coisa absurda. Nos últimos 12 meses, o Brasil pagou 500 bilhões de reais de juros. Só para você ter uma ideia, tudo que se gastou em saúde e educação e segurança, não chega a 300 bilhões. Eu peço a oportunidade para mudar isso. E para mudar também o modelo de governança política do Brasil. Se você olhar, é deprimente um país como o nosso ficar discutindo quem é mais corrupto, quem é menos corrupto. Que contradição de corrupção. Nós precisamos banir porque a corrupção não é uma maldade da alma de nenhum deles, a corrupção é uma prostração moral que todos eles fizeram. O modelo de governança política em que a ideia de que você só vai governar se tiver sustentação no congresso, se transformar a presidência da república em testa de ferro de roubalheira. Eu lhe peço com muita humildade, em nome do seu filho, em nome dos pobres do Brasil, de todos os trabalhadores, me dê uma oportunidade. É a quarta vez que eu sou candidato. Minha paixão não se abateu nenhuma porque o amor da minha vida é o Brasil. O sentido moral da minha vida é lutar para mudar o Brasil. Eu quero um lugar na história de quem mudou o Brasil e deu a oportunidade de crescer e a dignidade para todos”.

Lula (PT)

“Olha, eu queria terminar essa participação, esse debate, me solidarizando à senadora Simone e à jornalista Vera, que foi agredida. A segunda coisa é dizer pra vocês que eu fui procurar um companheiro com a experiência de 16 anos de governo de São Paulo para me ajudar a governar esse país. Eu sei o que fiz, sei o que vou fazer, e por isso eu não entro no campo da promessa fácil, porque eu sei como é difícil. O meu amigo Ciro se esquece de dizer que quando eu cheguei na presidência da república, o juros estava 26%, e deixei com 10%. Ele esquece de dizer que a inflação estava 12% e nós deixamos com 5%. Ele esquece de dizer que o desemprego era 12% e nós deixamos com 22 milhões de empregos. Tive o prazer de indicar a primeira mulher candidata à presidência da república, que quando deixou o mandato, deixou o mandato em 2014 quando venceu seu primeiro mandato, o desemprego era apenas 4,5%, padrão Finlândia, padrão Noruega. E, depois, o Eduardo Cunha, o Aécio Neves, juntos no congresso nacional, resolveram preparar o golpe que culminou com o desastre. Porque aqui se fala no governo da Dilma, mas ninguém falou do golpe que a Dilma sofreu em 2016. Ninguém falou que derrubaram uma mulher por causa de uma pedalada, e não se derruba um cara por causa de uma motociata. Ou seja, esse país vai fazer o julgamento histórico da presidenta Dilma, e eu estou muito tranquilo porque eu pensei em falar de obras públicas que eu fiz aqui, mas é tão medíocre o Brasil de obras hoje, que eu não vou falar para não humilhar quem está governando o Brasil”.

Jair Bolsonaro (PL)

Deus, pátria, família e liberdade. Desculpe os demais candidatos, mas está polarizada as eleições. Quem o ex-presidiário apoiou no passado? Apoiou Chávez, apoiou Maduro. Pra onde foi a Venezuela? Hoje recebemos mais de 500 pessoas por dia lá em Pacaraima, fugindo da fome, da miséria, da violência, pesando em média 15 kg a menos. E o Lula apoiou essas candidaturas. Pra onde está indo a economia da nossa Argentina? O presidente da Argentina, antes de ser presidente, visitou o Lula em Curitiba na cadeia, e o Lula apoiou ele na Argentina. Ou seja, hoje, 40% da população da Argentina está na linha da miséria. Lula apoiou o presidente do Chile também, o mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Pra onde está indo o nosso Chile? Lula apoiou também Petro, da Colômbia. Medidas dele? Liberação de drogas, liberação de presos. Pra onde está indo nossa Colômbia? Também o nosso prezado presidente Lula, apoiou, na Nicarágua, Ortega, que agora persegue cristãos, prende padres, expulsa freiras. Uma perseguição religiosa sem tamanho. E quando ele é questionado sobre isso ele diz: não devemos meter o nariz em outros países. O que vai acontecer com nosso Brasil se esse ex-presidiário voltar pra cena do crime, juntamente com Geraldo Alckimin, um homem religioso, católico, mas que resolveu cantar a internacional socialista, é a união do tudo que não presta no Brasil. Nós não merecemos isso para a nossa pátria”.

Simone Tebet (MDB)

Lamentável. Lamentável no país da fome, da miséria, do desemprego, do desespero, do desalento, temos dois candidatos falando do passado, alimentando o ódio, dividindo as famílias e polarizando o Brasil. O Brasil é muito maior que Lula e Bolsonaro. O Brasil pertence aos quase 215 milhões de brasileiros. Triste o Brasil que tem que escolher entre o escândalo do petrolão e do mensalão do PT, e o escândalo de corrupção da educação e do orçamento secreto do atual governo. Mas nós, nós vamos fazer diferente. Nós vamos colocar as pessoas em primeiro lugar. Nós vamos diminuir a desigualdade social e a miséria, acabar com a fome. Para isso, nós não vamos estar sozinhos, nós vamos combater a discriminação na sua totalidade. E vamos impedir retrocessos no Brasil. Vou contar com a ajuda valorosa da minha vice-presidente da república, Mara Gabrili, uma mulher tetraplégica há 28 anos se tornou senadora da república e sabe fazer. Mara, querida. Simone e Mara juntas nós vamos reconstruir um Brasil de verdade. Eu tenho experiência política, eu sou ficha limpa, eu sou mãe. Eu e Mara, juntas, com a alma de uma mulher e coração de uma mãe, nós vamos resolver definitivamente os problemas das pessoas. Comida mais barata, educação e saúde de qualidade, emprego e renda para as pessoas. Fui prefeita duas vezes, reeleita com 76% dos votos. Fui vice-governadora, fui deputada estadual e hoje sou senadora da república. Sou advogada e sou professora. Quero dizer que o Brasil, o Brasil que verdadeiramente precisa mudar, precisa da sensibilidade da alma das mulheres brasileiras. E eu conclamo todas vocês a se somar conosco. E, assim, juntos e juntas, que nós vamos mudar. Com coragem e amor, o Brasil de verdade.

Soraya Thronicke (União Brasil)

“Eu quero aqui agradecer ao grupo Bandeirantes, à TV Cultura, jornal Folha de São Paulo, portal UOL pela oportunidade de estar aqui podendo debater o nosso país. Quero também agradecer ao meu partido União Brasil, maior partido desse país, em nome do nosso presidente Luciano Bivar e do vice Antônio de Rueda. Quero agradecer ao meu vice-presidente, Marco Cintra, um homem de exatas e eu de humanas, o perfeito equilíbrio para que a gente consiga levar esse país adiante. Temos um projeto estruturante, o projeto real que pode ser aplicado imediatamente. E com ele nós iremos sim com um imposto só diminuir o preço dos alimentos, trazer mais dignidade para todas as pessoas. Iremos tirar o imposto de renda e o INSS de todos aqueles que recebem até cinco salários mínimos. Essa proposta está Madura e ela sim pode ser aplicada. Eu o desafio qualquer pessoa para que debata essa proposta conosco, não que diga ao léu. Quero dizer para vocês que pra tirar o nosso país do atoleiro, meus amigos, tem que ser traçado. Tem que ser quatro por quatro, tem que ser 44. Chega de briga, de confusão, o Brasil precisa de paz e precisa de união. Precisa de alguém que cuide das pessoas. Eu, ao lado de Marco Cintra, sou esse alguém. Muito obrigada pela oportunidade. O que eu quero é resolver e trazer solução para sua vida. Eu saí da fila dos que reclamam e vim para a fila dos que fazem. Eu critico, mas eu trago a solução. Obrigada”.

Luiz Felipe D’Avila (Novo)

“Para mudar o Brasil nós precisamos de um projeto de país, nós precisamos de gente competente, nós precisamos gente com caráter, liderança e coragem para transformar o Brasil. Não é gente profissional da política, que só pensa em criar um estado pesado, cheio de privilégio para um monte de gente, tirando mais dinheiro do nosso bolso, nós que trabalhamos. Tocamos os nossos negócios produzidos. O Brasil para mudar, vocês viram aqui, não teve nenhuma conversa de como vai fazer a economia crescer. Sabe por quê? Porque só tem um jeito da economia crescer, que é tirar poder do estado, dar mais poder para quem empreende, para quem gera riqueza. Tirar esse estado pesado que vem sufocando a gente há anos. A economia brasileira jamais vai voltar a crescer no estado sendo gerado do jeito que é. Nós precisamos de gente com caráter e competência, e daí o exemplo que eu tenho orgulho do Partido Novo. Não precisa fazer política com mensalão, orçamento secreto, para dizer que isso é governabilidade. Nós não queremos essa governabilidade, nós não compactuamos com essa governabilidade vergonhosa. Está aí o exemplo de Minas Gerais. Romeu Zema, um governo de gente impoluta, séria, competente, atraiu mais de 280 bilhões de reais em investimento para o estado. Melhorou a saúde. Está o nosso prefeito Adriano Silva em Joinville, a melhor cidade do Brasil, deu mais título de regularização fundiária em 11 meses do que em 11 anos da cidade. É gente que assume o poder para resolver a vida daqueles que produzem, geram riqueza. É assim que o Brasil vai voltar a crescer, olhando pra frente, tirando o estado das costas e acreditando em um caráter e liderança, e honrando a política que nós vamos fazer. Por isso, vote nos deputados do Novo. Vote em Felipe D’Avila”.

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