O presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva inicia nesta terça-feira, 15, nova fase do Brasil à frente dos principais temas globais relacionados ao meio ambiente. O primeiro encontro do petista na COP27, Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, no Egito, será com o representante dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry.
Durante a reunião, serão debatidos mecanismos de defesa da Amazônia, por meio, por exemplo, do investimento para conter o desmatamento, e a construção de uma nova relação entre os dois países, abalada pela atuação desastrosa do governo Bolsonaro na área ambiental. Basta lembrar que em 2019, a COP seria realizada no Brasil, mas, mesmo antes de assumir a presidência, Bolsonaro recusou sediar o evento.
Segundo interlocutores próximos a Lula, ele quer refazer esses laços e relocar o Brasil no papel de protagonismo na formulação e defesa de políticas ambientais, atuando em parceria com outros países, mas mantendo a soberania do país.
Para isso, pretende já no próximo ano promover eventos internacionais no Brasil, como uma conferência sobre o clima na Amazônia. Esse assunto deve ser inclusive tema do discurso que fará na COP27. Em 2024, o país vai exercer a presidência do G20, que reúne as maiores economias do mundo, e vai precisar organizar vários eventos temáticos ao longo do ano antes da realização do evento principal, com a cúpula do grupo. Em 2025, o objetivo é conseguir promover a COP30 no Brasil.
Do lado americano, há expectativa por uma guinada no discurso do Brasil, em relação ao atual governo Bolsonaro. Kerry disse nesta terça-feira, 15, à BBC News Brasil que está animado em se encontrar com Lula. O membro do governo dos Estados Unidos afirmou que quer discutir com o brasileiro ajuda para garantir a preservação da Amazônia.
“Estamos animados para trabalhar com ele [Lula] e confiantes de que faremos tudo o que podemos”, destacou Kerry sobre a proteção da Amazônia. O americano já se reuniu nesta edição da COP27 com a deputada federal eleita Marina Silva, cotada para assumir o ministério do Meio Ambiente no governo Lula. Ela pediu a Kerry e membros de outros países apoio financeiro para a Amazônia.
Durante o governo Bolsonaro, o Fundo internacional criado com esse objetivo paralisou os recursos de cerca de 1 bilhão de dólares por desconfiança com a política brasileira para o meio ambiente. Na época, o ministro da pasta era Ricardo Salles, apontado como principal articulador do esquema que desmantelou o sistema de proteção e fiscalização na floresta para favorecer o comércio ilegal de madeira.