A Bahia é o estado brasileiro com maior incidência da doença falciforme, segundo dados do Ministério da Saúde, considerando que mais de 76% da sua população é composta por negros, nos quais a enfermidade, que é uma das condições genéticas e hereditárias mais comuns no mundo e decorre da má circulação sanguínea, tem prevalência maior. Assim, políticas de atenção e assistência à população com doença falciforme são sempre necessárias e bem-vindas.
Em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), além da HEMOBA/Centro Estadual de Referência às Pessoas com Doença Falciforme Rilza Valentim e da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia (Sepromi), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), órgão ligado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), apresentou nesta quinta-feira (30), a 3ª edição do Edital Saúde da População Negra com Ênfase na Doença Falciforme.
“A doença falciforme tem toda a atenção do Governo da Bahia e da Sesab. Inauguramos o Centro Estadual de Referência às Pessoas com Doença Falciforme Rilza Valentim em março e temos tido reuniões bimestrais com as associações de pessoas com doença falciforme de todo o Estado como forma de entender e atender as demandas dos pacientes e familiares. Esse edital é mais uma ação em busca das melhores condições de vida deles. Se por um lado, buscamos atender aos problemas atuais, com o apoio à pesquisa, estamos olhando para frente em busca de novas soluções e descobertas em relação à doença falciforme para ampliar ainda mais a assistência”, explica a secretária da Saúde Roberta Santana, presente no lançamento do edital.
De acordo com a Fapesb, nessa edição, além da ênfase em projetos de pesquisa com foco em doença falciforme, o edital também vai desafiar os pesquisadores a submeterem propostas destinadas aos impactos do racismo estrutural na saúde da população negra. O intuito é despertar nos pesquisadores a busca para a resolução de problemas que afetam a saúde dessa população e, ao mesmo tempo, estimular o interesse pela elaboração de políticas públicas que promovam a redução dos impactos do racismo na saúde.
Os recursos financeiros destinados ao edital serão de R$ 3 milhões. O valor será distribuído entre três linhas de financiamento. Cada proposta submetida e aprovada nas linhas 1 (Doença Falciforme) e 2 (Doenças crônicas, outros agravos e impactos do racismo na saúde) poderá receber até R$ 150 mil para execução da pesquisa. Na linha 3, que será apoio a pesquisas já em andamento nas linhas 1 e 2, o valor máximo será de R$ 80 mil.
Ações relacionadas à população negra
Em 2023, a Sesab já realizou diversas ações relacionadas à população negra. Além da inauguração do Centro Estadual de Referência às Pessoas com Doença Falciforme Rilza Valentim e dos encontros permanentes com associações, a secretaria fornece os medicamentos Hidroxiuréia, com recurso estadual, e Pen-Ve-Oral, pelo Ministério da Saúde; lançou do Boletim Epidemiológico em Doença Falciforme em novembro de 2023 com os principais dados da Bahia; realizou qualificação sobre Racismo Estrutural, Letramento Racial, Assistência Religiosa e Impactos na Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade; realizou encontro com as Pesquisadoras da Saúde da População Negra para alinhamento das demandas apresentadas em cartas abertas à gestão sobre a implementação da Política Estadual de Saúde da População Negra; e lançou o curso de Educação Permanente sobre Saúde da População Negra para gestores da Sesab.