Tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Júnior revela ameaça de prisão ao ex-presidente Jair Bolsonaro em caso de golpe
O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) informando que o general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro caso ele tentasse realizar um golpe de Estado.
O depoimento foi dado no âmbito do inquérito que investiga uma possível conspiração golpista na cúpula do governo de Bolsonaro. O sigilo sobre as declarações foi levantado pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes.
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Segundo o relato de Baptista Júnior, após Bolsonaro considerar a possibilidade de atentar contra o regime democrático usando diferentes instrumentos previstos na Constituição, como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou decretar estado de defesa ou estado de sítio, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, deixou claro que o presidente seria preso caso tentasse tal ato.
Além disso, Freire Gomes desencorajou Bolsonaro a se apoiar em argumentos jurídicos questionáveis para dar um golpe, como a imposição de estado de sítio, estado de defesa ou GLO.
De acordo com um relatório da PF, Baptista Júnior destacou que, em uma reunião com Bolsonaro, ele próprio se posicionou contra qualquer plano golpista e deixou claro que não havia mais possibilidade do então presidente permanecer no cargo.
“Em outra reunião dos comandantes das Forças Armadas com o então presidente da República, deixei claro a Jair Bolsonaro que não existia nenhuma chance de ele permanecer no poder após o término de seu mandato. Deixei evidente que qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no cargo não seria aceita”, relatou Baptista Júnior à PF.
Baptista Júnior ainda afirmou ter participado de várias reuniões com Bolsonaro e os outros comandantes das Forças Armadas depois da eleição presidencial de 2022. Ele alertou o presidente de que não havia fraude nas urnas eletrônicas, uma teoria sustentada pelos apoiadores de Bolsonaro para justificar a permanência no poder.
Segundo o depoimento dado à PF, Baptista Júnior informou que Bolsonaro estava ciente do trabalho do representante da Aeronáutica na Comissão de Fiscalização das Eleições e foi informado de que nenhuma fraude foi encontrada na votação do primeiro ou segundo turno.
O único que manifestou apoio a Bolsonaro, colocando as tropas à disposição, foi o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
Questionado sobre a apresentação de uma minuta para a decretação do golpe, Baptista Júnior mencionou que o documento foi exibido aos comandantes das Forças Armadas em uma reunião no Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022, pelo então ministro da pasta, o general Paulo Sérgio de Oliveira.
Ao se deparar com a minuta, Baptista Júnior deixou claro que não aceitaria receber o documento, pois a Força Aérea não toleraria a possibilidade de um golpe de Estado. Ele relatou que Freire Gomes também se opôs a analisar o conteúdo da minuta, enquanto Garnier não expressou discordância com o seu conteúdo.
Baptista Júnior também informou aos investigadores que, ao comunicar ao então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno, que não apoiaria nenhuma tentativa de golpe, este ficou atônito com a decisão.
Com informações da Agência Brasil.