O Ministério do Direitos Humanos (MDH), liderado por Silvio Almeida, recebeu a proibição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de realizar eventos para lembrar a data, diferente do que aconteceu há um ano.
Segundo uma reportagem da Folha de S. Paulo, em 2023, sem a proibição, a pasta lançou, às vésperas do aniversário do golpe, a campanha “Semana do Nunca Mais Memória Restaurada, Democracia Viva”, com ações para repudiar ditaduras. O MDH inclusive lançou um selo alusivo à iniciativa.
Em um vídeo, um recém-empossado Silvio Almeida se referiu à ditadura militar 1964-1985 como “essa página nefasta de nossas histórias [que] não deve ser esquecida para que nunca mais se repita”. “O Brasil ainda possui dificuldades no campo sociopolítico para ultrapassar essa página drástica de nossas vidas, que, vez por outra, parece querer ameaçar nossas liberdades.”
Num discurso ao final da Caminhada do Silêncio, em São Paulo, o ministro afirmou que é possível traçar uma linha contínua entre os colonialismos, o nazifascismo e as ditaduras da América Latina.
“As técnicas de tortura, de sevícias, de violência têm uma ligação direta que faz com que escravidão, nazifascismo e ditaduras militares sejam parte do mesmo evento”, afirmou Almeida.
Citando o pensador alemão Walter Benjamin (1892-1940) em uma das “Teses sobre o Conceito de História” (a sexta), disse o ministro: “O passado tem que ser parte de um processo de construção, para que nós nos lembremos da urgência do passado, dos perigos que o passado encerra, para que possamos de alguma forma fazer com que as reminiscências nos liguem a propósitos de esperança e de construção de um novo mundo”.
E completou: “Se os nossos inimigos vencerem, nem os mortos estarão a salvo”.
Este ano, Lula defendeu que a ditadura a ditadura “faz parte da história”. “Não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente”, afirmou o presidente, que desde então tem sido criticado por entidades de direitos humanos, familiares de mortos e desaparecidos políticos e até integrantes do governo, como a presidente da Comissão de Anistia, Enéa de Stutz e Almeida o colegiado é subordinado ao MDH.
Neste ano, o veto imposto por Lula obrigou o ministério a cancelar um ato já programado.
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