A cesta básica de Salvador teve o maior percentual de reajuste entre as capitais no primeiro trimestre deste ano, com um aumento de 10,58%. No mês de março, o custo do item atingiu o valor de R$ 620,13, de acordo com o último levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Para conseguir adquirir essa cesta básica, um trabalhador soteropolitano, que recebe o salário mínimo de R$ 1.412,00, precisou trabalhar 96 horas e 37 minutos.
“A questão climática teve um papel preponderante nesse aumento, especialmente no mês de março, com altas significativas no preço do tomate e da banana. O tomate teve um aumento de 13,96% e a banana de 8,02%”, afirmou a supervisora regional do Dieese, Ana Georgina Dias, em entrevista ao Correio. Outros fatores também influenciam nos preços dos alimentos, como questões relacionadas à safra e movimentações no mercado.
Uma safra favorável aumenta a oferta e, consequentemente, os preços tendem a ser menores. Por outro lado, em uma safra ruim, com oferta reduzida para uma demanda constante ou crescente, os preços são impactados negativamente. “A banana e o tomate foram os responsáveis pelo maior aumento no custo da cesta no primeiro trimestre, com um aumento de 49,91% e 22,22%, respectivamente. Esses aumentos se devem, em grande parte, às condições climáticas desfavoráveis”, explicou o responsável do Dieese.
Leia Também
O clima mais quente e as chuvas intensas durante o verão afetaram diretamente o cultivo da banana e do tomate, resultando em elevações significativas nos preços. Além disso, a banana da prata enfrenta um problema com a doença conhecida como Mal do Panamá, que tem causado perdas expressivas nas plantações. Essa doença afeta bananais em todo o país, reduzindo a oferta de frutas e aumentando os preços”, destacou o diretor de Fruticultura da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Márcio Oliveira.
Uma boa notícia é que em abril, o preço da banana já apresentou uma considerável redução, especialmente o da banana nanica, que está 75% mais barata em relação a fevereiro. “As lavouras estão se recuperando e, consequentemente, os preços estão começando a cair”, afirmou Oliveira.
Apesar do reajuste significativo na cesta básica de Salvador em comparação com as demais capitais, o estudo do Dieese indicou que o custo em Salvador ainda é o quinto menor. No entanto, é importante ressaltar que a composição das cestas do Nordeste é diferente, o que explica o valor da cesta básica em Salvador. “As cestas com valores menores não necessariamente significam que são mais baratas. Sabemos que muitas pessoas recebem salários abaixo do mínimo”, ressaltou Georgina.
Em conclusão, o aumento nos preços dos alimentos básicos em Salvador, impulsionado por questões climáticas e de mercado, tem impactado diretamente o orçamento dos trabalhadores. Apesar de algumas reduções pontuais nos preços, a situação econômica ainda demanda atenção por parte das autoridades e da população em geral. É fundamental encontrar soluções para garantir o acesso a uma alimentação adequada e acessível para todos os cidadãos.