As alterações no funcionamento do aparelho digestório podem gerar inúmeros problemas à distância, mais ou menos como o que acontece no Planeta Terra, quando vemos as terríveis consequências do aquecimento global sob a forma de, por exemplo, o triste desastre ecológico que está acontecendo no Rio Grande do Sul neste momento. “O organismo é como um ecossistema e, na medida em que introduzimos neste sistema elementos inadequados ao seu funcionamento, surgem os desconfortos e doenças”, explica o médico e naturopata Áureo Augusto.
Morador do Vale do Capão há mais de quatro décadas, Áureo tem grande experiência nos cuidados com a saúde utilizando a natureza como principal recurso de tratamento e cura. As consequências de uma má alimentação a longo prazo são percebidas no corpo, especialmente pelo estômago e intestinos. O aumento da ingestão de alimentos industrializados, o excesso de comidas enlatadas, práticas e de fast foods, para além da suposta praticidade, causam adoecimentos. Além da dispepsia, que é o mau funcionamento estomacal, colites crônicas e disbioses são outras doenças em ascensão.
O que o brasileiro mais consome não é um cardápio recomendado para ingestão de forma rotineira. “Infelizmente o consumo de ultraprocessados está aumentando, principalmente na população com menos poder aquisitivo. Estes produtos têm incentivos fiscais e acabam sendo mais baratos”, constata Aureo Augusto. A economia nos gastos com alimentação pode custar caro para a saúde. “Esses produtos têm em sua composição substâncias que provocam incômodos no sistema digestivo, como gases, dores abdominais, redução da resistência e funcionalidade da mucosa intestinal… Esses casos são frequentemente tratados com medicações que apenas disfarçam os sintomas, sem tratar as causas na sua origem”, pontua o naturopata.
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O especialista alerta que o impacto da alimentação inadequada afeta também a saúde mental. “Um exemplo é a serotonina, bastante conhecida como uma substância produzida pelo nosso próprio organismo e que tem relação com o nosso bom humor, 90% dela é produzida por bactérias do intestino que se desenvolvem de forma adequada quando a alimentação é integral. Outro exemplo muito interessante, conquanto triste, é o caso de uma bactéria chamada Clostridium difficile. Quando em excesso no organismo, essa bactéria gera na pessoa a necessidade de consumir alimentos gordurosos e doces. Imagine pessoas orgulhosas do seu livre arbítrio acreditando que consumem o que querem, quando, na realidade, estão sendo manipuladas por uma bactéria”, explica o médico.
Frutas, legumes, hortaliças e cereais integrais são os alimentos mais recomendados para quem quer ter saúde e livrar-se dos desconfortos gástricos. “É o intestino também o responsável por nada menos que 80% do potencial de imunidade do nosso corpo, desse modo, se desejamos uma saúde duradoura precisamos compreender o seu funcionamento e como alimentá-lo”, recomenda a enfermeira e naturopata Maria Helena Santana. “Fermentados, como o chucrute, a kombucha também são recomendados para quem tem problemas gástricos e intestinais”, acrescenta Áureo Augusto.
A dupla de especialistas em naturopatia e práticas integrativas estará no início do mês de junho na capital baiana ministrando o curso Saúde intestinal para a saúde do corpo/mente. “O curso foi desenvolvido para auxiliar as pessoas a compreenderem a saúde de forma integral e com isso tomar decisões mais assertivas no caminho por uma vida mais saudável e de qualidade. É através do conhecimento que desejamos contribuir com jornadas mais saudáveis”, explica Maria Helena Santana.