Vacina contra HPV ampliada para usuários de PrEP pelo Ministério da Saúde

Por Redação
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Usuários da chamada profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, com idades entre 15 e 45 anos, passaram a integrar o público-alvo para vacinação contra o HPV no Brasil. A orientação consta em nota técnica publicada pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (3/7).

De acordo com o documento, esse grupo deve receber a vacina quadrivalente (HPV4), que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus. O esquema indicado é de três doses, com intervalos de dois meses após a primeira e de quatro meses após a segunda.

Usuários de PrEP com esquema completo de vacinação contra o HPV não devem ser imunizados novamente. Já os que já foram imunizados contra o HPV, mas estão com esquema incompleto, devem completar as três doses.

Para receber a vacina, basta que os usuários procurem uma sala de vacina da rede pública e apresentem algum tipo de comprovação de que fazem PrEP, incluindo formulário de prescrição do imunizante, prescrição de PrEP, cartão de seguimento ou o próprio medicamento.

O público-alvo para vacinação contra o HPV, até então, incluía crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, com esquema de dose única; indivíduos imunocomprometidos de 9 a 45 anos, como pessoas que vivem com HIV e Aids, pacientes oncológicos e transplantados, com esquema de três doses; e pessoas de 15 a 45 anos vítimas de violência sexual, com esquema de duas doses para os de 9 a 14 anos (intervalo de seis meses entre elas) e de três doses para os de 15 a 45 anos (intervalos de dois meses após a primeira e de quatro meses após a segunda).

O Ministério da Saúde destacou que a ampliação do acesso à vacina HPV4 para usuários de PrEP pode ter um impacto significativo na prevenção das neoplasias relacionadas ao HPV, como o câncer anal, em populações que são desproporcionalmente afetadas por essas neoplasias. Estudos realizados na França, por exemplo, apontam alta prevalência de HPV em usuários de PrEP.

A profilaxia pré-exposição ao HIV consiste na tomada de medicamentos antirretrovirais de forma preventiva, com o objetivo de preparar o organismo para um possível contato com o vírus. Essa estratégia começou a ser oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no final de 2017.

No Brasil, a PrEP está indicada para pessoas a partir de 15 anos, com peso corporal maior ou igual a 35 quilos, sexualmente ativas e que apresentam risco aumentado para infecção por HIV. O ministério destaca como populações-chave para PrEP: gays e homens que fazem sexo com homens (HSH), trabalhadoras do sexo, pessoas privadas de liberdade, pessoas trans e pessoas que usam álcool e outras drogas. Além disso, menciona como população prioritária para PrEP: negros, adolescentes e jovens, indígenas e pessoas em situação de rua.

A ampliação do público-alvo para vacinação contra o HPV, incluindo os usuários de PrEP, sem prejudicar a população inicialmente coberta pela indicação da vacina, é considerada fundamental para a prevenção dos cânceres associados ao HPV, conforme o documento do Ministério da Saúde.

A nota técnica esclarece que a oferta da vacina HPV aos usuários de PrEP amplia o acesso à prevenção e ao tratamento das infecções sexualmente transmissíveis (IST), tanto no âmbito individual quanto coletivo. Atualmente, existem 939 unidades dispensadoras da profilaxia em 540 municípios brasileiros, e cerca de 85 mil pessoas estavam em uso de PrEP no país em março de 2024.

O papilomavírus humano (HPV) é uma infecção sexualmente transmissível associada a verrugas anogenitais e ao desenvolvimento de cânceres como de colo do útero, vulva, pênis, ânus e orofaringe. A transmissão pode ocorrer por contato direto com pele ou mucosa infectada. A infecção por HPV pode ter resolução espontânea dentro de um a dois anos, mas a persistência da infecção pode evoluir para casos de câncer.

Os tipos 16 e 18 do HPV são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero, enquanto os tipos 6 e 11 respondem por aproximadamente 90% dos casos de verrugas genitais. A infecção por um tipo viral não impede a infecção por outros tipos de HPV, caracterizando um quadro de infecção múltipla.

Dessa forma, a ampliação da vacinação contra o HPV para usuários de PrEP é uma medida importante para a prevenção de cânceres relacionados ao vírus, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde.

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