O novo Boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta sexta-feira (2/8), revelou um aumento de internações por Covid-19 entre idosos em alguns estados do Nordeste, bem como nos estados do Amazonas e São Paulo. Apesar do crescimento, as internações causadas pela doença ainda se mantêm em níveis baixos, se comparadas ao histórico observado ao longo da pandemia. Os pesquisadores alertam para a necessidade de os hospitais reforçarem a atenção diante de qualquer sinal de aumento significativo na disseminação do vírus.
Segundo o boletim, o aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na Bahia e Piauí pode estar correlacionado ao incremento das internações por rinovírus entre crianças e adolescentes. Em nível nacional, o InfoGripe aponta uma tendência de queda tanto no longo prazo (últimas seis semanas) quanto no curto prazo (últimas três semanas) em relação à incidência da doença.
Os dados indicam uma redução na ocorrência de SRAG por VSR e influenza A em diversos estados do país, embora ainda haja crescimento de casos em algumas unidades federativas. O vírus VSR continua sendo a principal causa de internação e óbito em crianças de até 2 anos de idade, apesar de apresentar uma queda nas últimas semanas.
O rinovírus também se destaca como um importante vírus respiratório causador de SRAG em crianças. A mortalidade nas últimas oito semanas foi semelhante entre crianças pequenas e idosos. Entre os idosos, as mortes associadas ao vírus da gripe, influenza A e da Covid-19 são as mais significativas.
Na Bahia, Piauí e Roraima, o boletim aponta um crescimento da SRAG na tendência de longo prazo. Tatiana Portella, pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e do InfoGripe, destacou que o aumento das internações por influenza A entre os idosos em alguns estados das regiões Sul e Sudeste está sendo observado, embora já haja indícios de desaceleração do crescimento em outros estados.
A pesquisadora ressaltou que o aumento de casos de SRAG na Bahia está relacionado principalmente ao aumento das internações por rinovírus entre crianças e adolescentes. Em termos de incidência de SRAG por Sars-CoV-2, a doença afeta mais crianças pequenas, enquanto a mortalidade é mais elevada entre os idosos a partir de 65 anos, sendo a segunda maior causa de óbitos por SRAG nessa faixa etária.
Dentre as capitais, Salvador, Teresina, Vitória e Florianópolis apresentaram uma ampliação nos casos de SRAG nas últimas quatro semanas epidemiológicas. A prevalência entre os casos positivos foi de 21,9% para influenza A; 1,1% para influenza B; 33,1% para VSR; e 11,7% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
No ano epidemiológico de 2024, foram notificados 104.734 casos de SRAG, com 48,8% dos casos positivos para algum vírus respiratório e 38,4% com resultado negativo. Cerca de 7.555 casos aguardam o resultado laboratorial. Dentre os casos positivos, 19,3% correspondem a influenza A; 0,5% a influenza B; 44,4% a vírus sincicial respiratório; e 18,1% a Sars-CoV-2.
Em resumo, o aumento de internações por Covid-19 entre idosos em alguns estados do Nordeste, Amazonas e São Paulo tem sido uma preocupação crescente, apesar de se manter em patamares relativamente baixos. A atenção dos hospitais e das autoridades de saúde deve ser redobrada para monitorar qualquer sinal de aumento significativo na disseminação do vírus.