O Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), lançou nesta semana a primeira versão em português do manual Viver a Vida – Guia de Implementação para a Prevenção do Suicídio nos Países. O objetivo dessa publicação, de autoria da Organização Mundial da Saúde (OMS), é orientar os países na implementação de medidas coletivas de prevenção ao suicídio, visando o desenvolvimento de estratégias nacionais nesse sentido.
Segundo a OMS, os governos e as comunidades desempenham papéis cruciais na prevenção do suicídio, sendo a implementação de políticas de saúde mental e de redução do consumo de álcool uma das medidas essenciais. A versão em português é a tradução do guia original em inglês Live life, publicado em 2021.
Para promover a troca de boas práticas, o guia destaca iniciativas de sucesso adotadas por diferentes países em diversos contextos, que contribuíram para a redução das taxas de suicídio. A ideia é que essas experiências sirvam de inspiração para a criação de novas políticas públicas e soluções coletivas.
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Dentre os estudos apresentados, destacam-se medidas como a inclusão de pessoas com experiência direta com o suicídio para garantir que as necessidades reais dos que precisam de apoio sejam atendidas, a descriminalização do suicídio, parcerias público-privadas, entre outras estratégias adotadas em países como Irlanda, Líbano e Estados Unidos.
O manual detalha quatro intervenções consideradas essenciais para a prevenção do suicídio: restrição ao acesso aos meios de suicídio, abordagem responsável pela mídia na divulgação de informações sobre o tema, desenvolvimento de habilidades socioemocionais para adolescentes e a identificação precoce e acompanhamento de pessoas com comportamentos suicidas.
Segundo a OMS, a cada ano mais de 700 mil pessoas morrem vítimas de suicídio em todo o mundo, sendo 77% dos casos registrados em países de baixa e média renda. O suicídio é a quarta maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos, e estima-se que para cada suicídio, ocorram outras 20 tentativas.
No Brasil, em 2022, foram notificados 16.468 óbitos por suicídio no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Durante o lançamento do manual, a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Letícia Cardoso, ressaltou que os casos são mais frequentes entre homens, com uma taxa de 12,6 por 100 mil habitantes, 3,7 vezes maior que a do público feminino. O grupo indígena é ainda mais vulnerável.
Entre os anos de 2016 e 2021, houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, atingindo 1,33 por 100 mil.
Diante desse cenário, o Brasil se comprometeu com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU de reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis até 2030, via prevenção, tratamento e promoção da saúde mental e do bem-estar. Além disso, o país planeja a construção de 150 novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) até 2026, visando incluir mais de 13,4 milhões de pessoas na rede de saúde mental do Sistema Único de Saúde.
A diretora do Ministério da Saúde, Letícia Cardoso, destacou o comprometimento do governo brasileiro com a prevenção ao suicídio, considerando a saúde mental e a violência auto provocada como temas centrais das ações. Já a coordenadora da Unidade Técnica de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas não Transmissíveis e Saúde Mental da Opas/OMS no Brasil, Elisa Pietro, ressaltou a extensa rede de apoio psicossocial do país.
O Ministério da Saúde enfatiza que o suicídio pode ser prevenido e ressalta a importância de reconhecer os sinais de alerta. Entre os indícios a serem observados estão a falta de esperança, expressão de ideias ou intenções suicidas, isolamento, entre outros. O ministério orienta que os sinais de alerta não devem ser interpretados como ameaças ou chantagem emocional e enfatiza a importância de buscar ajuda nos primeiros sinais.
Diversos canais de apoio estão disponíveis, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), Caps, Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento, Samu 192, pronto socorro e hospitais. A prevenção do suicídio é um esforço coletivo e demanda atenção e cuidado por parte de toda a sociedade, visando a promoção da saúde mental e o bem-estar de todos.
Por fim, o Brasil continua diante do desafio do suicídio, implementando políticas e estratégias para lidar com essa questão complexa. A colaboração de governos, instituições e da população é fundamental no enfrentamento desse problema de saúde pública, buscando a redução das taxas de suicídio e garantindo apoio e cuidado às pessoas em momentos de vulnerabilidade emocional.